quarta-feira, 26 de março de 2014

A(s) dinastia(s) lusa(s) no reino do hóquei em patins internacional

Portugal e o hóquei em patins, uma relação de amor profundo iniciada há mais de um século - como aliás já demos conta numa anterior visita ao Museu Virtual do Desporto Português - que ao longo do tempo conheceu largas dezenas de capítulos de felicidade extrema, sobretudo quando se fala em competições ao nível de seleções nacionais, onde os lusos dividem com a Espanha o trono do hóquei patinado a nível internacional - no que a títulos diz respeito. Porém, no que concerne às competições clubísticas Portugal vive um pouco na sombra dos eternos inimigos do lado de lá da fronteira, ao ostentar um currículo um pouco menos volumoso, por assim dizer, que os castelhanos, sobretudo na prova rainha do hóquei em patins continental, isto é, a Liga Europeia, outrora denominada de Taça dos Clubes Campeões Europeus. É pois sobre as coroas de glória do hóquei patinado português alcançadas além fronteiras que o nosso museu abre hoje as suas portas, para recordar as sticadas certeiras de lendas como Vítor Hugo, Carlos Realista, Paulo Alves, Pedro Alves, Chana, Vítor Fortunato, ou daquele que é considerado como o maior hoquista de todos os tempos - a nível mundial - e que para orgulho da nação lusitana é nosso, de seu nome António Livramento.

Liga Europeia/Taça dos Campeões Europeus: um naipe de títulos num imenso mar espanhol

Iniciando esta nossa visita ao passado pela prova rainha da CERH - Comité Europeén de Rink Hockey -, o organismo que tutela o hóquei patins a nível europeu, competição essa que hoje em dia é conhecida como Liga Europeia, mas que aquando do seu nascimento, na temporada de 1965/66, foi batizada de Taça dos Clubes Campeões Europeus - à semelhança do que acontecia no futebol - onde facilmente se poderá constatar o avassalador domínio exercido pelos emblemas espanhóis, domínio esse expresso em 42 títulos conquistados - pelo menos até à data em que escrevemos estas linhas - contra apenas cinco triunfos portugueses, e um italiano.
Réus (com seis títulos), Voltregà (com três), e Barcelona (com dois) chamaram a si o domínio da primeira década de vida da Taça dos Campeões Europeus (TCE), sendo que seria preciso esperar quase até ao final dos anos 70 para ver finalmente o troféu viajar para as vitrinas de um clube português.

Equipa do Sporting que conquistou a TCE de 1977
SPORTING 1976/77: Tal feito seria alcançado por aquele que muitos consideram o dream team (equipa de sonho) do hóquei patinado internacional ao nível de clubes, como a equipa mais virtuosa de todos os tempos com o stick na mão: o Sporting Clube de Portugal. Os leões dominavam a seu bel prazer, e sobretudo com uma enorme classe, o panorama interno da modalidade, sendo que entre 1974 e 1978 os lisboetas arrecadaram quatro títulos de campeão nacional consecutivos, aos quais juntaram ainda mais duas Taças de Portugal. Performance alcançada graças a um naipe de hoquistas talentosos, casos do guarda-redes António Ramalhete, João Sobrinho, Vítor Carvalho (conhecido no planeta do hóquei como Chana), Júlio Rendeiro, ou de um tal de António Livramento, que hoje é considerado de forma - quase - unânime como o maior jogador mundial de todos os tempos.
O primeiro obstáculo leonino na memorável caminhada europeia era oriundo de uma terra com fortes tradições no hóquei em patins: Montreux, cidade suíça onde a modalidade é vivida de uma forma muito especial. A história do duelo entre o Montreux HC e o Sporting resume-se aos golos, aos muitos remates certeiros com que os leões despacharam a turma helvética. Na primeira mão, em Lisboa, o marcador indicou um esclarecedor 18-1 a favor dos portugueses, enquanto que na segunda o score foi um pouco menos pesado: 11-3 para os verde-e-brancos.
Seguiram-se as meias-finais, onde o Sporting encontrou nada mais nada menos do que o bi-campeão europeu em título, o Voltregà, poderosa equipa espanhola.A primeira mão foi disputada em Espanha... numa piscina! Passamos a explicar. O rinque dos espanhóis era descoberto, sendo que no dia do duelo um autêntico dilúvio se abateu sobre a pista, dificultando assim ao máximo a vida dos jogadores, principalmente os sportinguistas, pouco habituados ao hóquei disputado ao ar livre debaixo de um temporal. Consequência - ou não - dessa inexperiência foi o resultado de 5-2 a favor do Voltregà. No jogo de volta o Sporting puxaria dos seus galões, dando uma verdadeira aula de bem jogar hóquei em patins aos campeões europeus em título. Resultado desse memorável recital de hóquei foi uma vitória portuguesa por 8-3, com um score total - nas duas mãos - de 10-8 e a merecida passagem à final.
Encontro decisivo onde o adversário seria de novo espanhol, desta feita o Villanueva, conjunto onde pontificava o mítico guarda-redes internacional do país vizinho Carlos Trullols. A primeira mão da final teve lugar em Lisboa, diante um pavilhão repleto de leões, que de garras afiadas empurraram a sua equipa para mais uma exibição lendária. 6-0, resultado final a favor dos portugueses, e o título estava praticamente assegurado. No final, em jeito de desabafo o célebre portero Trullos disse: «sofri seis golos, e fiz uma das melhores exibições da minha vida». A 18 de junho de 1977 os leões entram na arena de Villanueva para agarrar de vez o primeiro título europeu para o hóquei patinado lusitano. Uma nova vitória - desta feita por 6-3 - deu aos lisboetas o seu primeiro título continental, um título que abriu as portas do êxito para outras equipas lusas nas décadas seguintes nas três provas organizadas pela CERH.

A equipa do FC Porto que em 1986 conquistou a primeira TCE do clube
FC PORTO 1985/86: A vitória do Sporting na TCE de 77 foi como que uma pedrada no charco face ao domínio espanhol na principal prova da CERH. Mas... foi sol de pouca dura. Nos oito anos que se seguiram a taça voltou a morar em Espanha, e de forma sistemática na casa do FC Barcelona, que ao conquistar o título europeu durante oito temporadas consecutivas estabeleceu um recorde no planeta do hóquei que perdura até aos dias de hoje. Foi pois preciso esperar até 1986 para voltar a ver uma equipa portuguesa voltar a envergar a coroa de rei da Europa. Ano este em que o FC Porto acabou com o reinado catalão, conquistado a primeira das suas duas TCE. Portistas que na temporada transata haviam sido derrotados pelo Barça na final da prova, pela diferença de... um só golo (9-10 no conjunto das duas mãos). FC Porto que na década de 80 vivia a melhor fase da sua história, no que a hóquei em patins dizia respeito. Sob o comando diretivo de Ilídio Pinto os azuis e brancos dominariam o hóquei luso com a conquistas de seis títulos de campeão nacional (em dez possíveis), e outras tantas Taças de Portugal. Na Europa haviam sido sticadas com êxito (em 1982 e 1983) duas edições da Taça das Taças, êxitos alcançados através de um hóquei sublime interpretado por astos como António Alves, Fanã, Vale, Vítor Hugo, ou Cristiano Pereira. último jogador este que a meio da gloriosa década decide pendurar os patins e assumir o comando técnico do clube onde se tornou num Deus do hóquei, rivalizando em popularidade com o sportinguista António Livramento. Em 1986 Cristiano edificou aquela que muitos classificam como a equipa mais poderosa que o clube armou com os patins e os sticks, um exército temido composto pelo mago Vítor Hugo, o capitão António Alves, Vítor Bruno, o lendário guarda-redes Franklim, o virtuoso Carlos Realista, ou a então jovem promessa Tó Neves. Na primeira eliminatória o FC Porto sticou para fora da prova os holandeses do Residentie, graças a uma vitória caseira por 10-6 na primeira mão, realizada na Cidade Invicta, e uma surpreendente derrota (!) por 4-5 na Holanda. Quiseram os caprichos do sorteio que nas meias-finais os portistas medissem forças com o eterno detentor do título, o poderoso Barcelona, carrasco dos Dragões na final de 1985, como já vimos. A primeira mão foi disputada no Palau Blaugrana, na Catalunha, onde os portistas fizeram uma partida memorável ao suster a sufocante avalanche que o Barça fez à baliza de Franklin durante todo o encontro. 5-5 foi o resultado final, um empate que soube a vitória.
O Pavilhão Dr. Américo de Sá acolheu a segunda mão. Completamente lotado o hoje desaparecido recinto presenciou mais uma exibição de gala da equipa da casa, expressa num inolvidável triunfo por 6-4, que garantia assim o passaporte para a final continental.
Rei morto, rei posto, o Barcelona terminava ali o seu reinado, passando a coroa ao FC Porto, que na final voltou a não dar hipóteses aos seus opositores, neste caso os italianos do Novara. Uma equipa fortíssima, onde pontificavam inúmeros internacionais transalpinos, como por exemplo o guarda-redes Piemontesi, Bernardini, Del Lago, ou Massimo Mariotti. O primeiro duelo da final foi disputado no Porto, e equipa da casa apoiada frenéticamente pela sua massa adepta venceu por 5-3, uma margem mínima, é certo, mas que começava a desenhar no horizonte a concretização do velho sonho de conquistar a Europa do hóquei. O presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, apercebendo-se quiçá da proximidade que o seu emblema se encontrava da História fez questão de viajar com a equipa para Itália. Ali - na pista do Novara - testemunhou in loco o ambiente para lá de hostil com que o seu clube foi brindado pelos fanáticos adeptos transalpinos, que durante toda a partida não se pouparam em assobios e insultos aos jogadores portugueses. Seria preciso uma enorme garra, uma vontade férrea para ultrapassar aquele obstáculo e alcançar o paraíso. E o FC Porto conseguiu fazê-lo. Porém, ao intervalo a taça estava mais inclinada para ficar em Itália do que em viajar para Portugal, já que o Novara cilindrava os lusos por 5-1. Reza a lenda que Pinto da Costa terá descido ao balneário para dizer aos seus atletas que não havia feito aquela viagem para ver o Novara sagrar-se campeão da Europa diante do seu público... As palavras - ou puxão de orelhas? - presidenciais serviram de incentivo para que na segunda parte o FC Porto arrancasse para uma exibição memorável, e fazendo ouvidos moucos aos assobios e insultos que continuavam a cair no rinque de Novara, os portistas acabariam por dar a volta ao marcador e vencer por 7-5, e desta forma erguer o caneco de reis da Europa do hóquei, ao mesmo tempo em que os italianos em fúria arremessavam vários objetos para a pista em direção aos novos campeões europeus.
FC Porto bi-campeão europeu em 1990
FC PORTO 1989/90: O hóquei em patins português vivia uma fase dourada no que à presença no jogo decisivo da TCE dizia respeito. Depois da conquista de 86 os portistas voltaram a marcar presença na final na época seguinte, caindo aos pés dos galegos do Liceo da Coruña. Em 1989 o Sporting foi batido pelo Noia, e um ano mais tarde o Porto estava de regresso à final. No plano interno os nortenhos repartiam o domínio com os rivais da capital - Benfica e Sporting - e com o caloiro Óquei de Barcelos, que com o passar dos anos haveria de se tornar num dos mestres do hóquei luso. Na caminhada europeia de 89/90 a primeira vítima dos portistas foi o Walsum, da Alemanha, que não teve armas, ou melhor, sticks, para contornar a mais do que evidente superioridade dos portugueses, conforme podem comprovar as duas inquestionáveis vitórias (4-1 e 6-0). Nas meias-finais o grau de dificuldade aumentou ligeiramente, até porque o adversário era de Espanha - a eterna inimiga do hóquei português - e dava pelo nome de Igualada. Porém, as estrelas de Vítor Hugo e companhia continuavam a reluzir de forma vincada nos ceús do hóquei mundial, e com muita classe o FC Porto cilindrou os castelhanos com dois triunfos (8-4 e 4-2), alcançando desta forma a quarta final da TCE da sua história. Jogo decisivo onde iria encontrar o campeão em título, o Noia, que à semelhança dos conterrâneos do Igualada não teve argumentos para bater Vítor Hugo, Realista, Vítor Bruno, Tó Neves, e Franklin, um "cinco de ouro" que com dois triunfos (6-0 e 5-2) trouxe para a Invicta o segundo caneco europeu mais desejado. 
Plantel do Óquei de Barcelos que em 1991 entrou para
a notável galeria dos campeões europeus
ÓQUEI DE BARCELOS 1990/91: Em meados da década de oitenta começa a despontar no mapa nacional - e posteriormente internacional - do hóquei em patins uma pitoresca vila minhota. Barcelos, assim se chama. Terra cujo amor pelo jogo do stick é ardente e intenso. Sem qualquer título nacional no seu currículo até então o Óquei de Barcelos surpreendeu a Europa em 90/91 ao arrecadar a prova rainha da CERS na sequência de um trajeto imaculado, onde se recorda não só a épica final ante o Roller Monza mas também a eliminatória com o campeão em título, o FC Porto. O primeiro obstáculo dos galos na caminhada vitoriosa veio da Alemanha, e dava pelo nome de Walsum, combinado frágil como comprova o score - no total das duas mãos - de 29-6 com que a esta pré-eliminatória foi fechada. Seguiu-se então o duelo lusitano, uma final antecipada, entre portistas e barcelenses, com a primeira mão a ser jogada no rinque do Barcelos, tendo terminado com uma igualdade a quatro golos. Pensava-se que face à sua maior experiência neste tipo de eventos os campeões da Europa em título iriam resolver a questão no seu pavilhão diante do seu público na semana seguinte, mas... nem sempre a teoria se confirma na prática. Cristiano Pereira era o treinador dos minhotos, e acima de tudo um profundo conhecedor da filosofia dos portistas, afinal ele havia sido não só o melhor jogador da história dos azuis-e-brancos como também o arquiteto dos dois títulos europeus que o FC Porto havia conquistado num passado recente. Tudo somado, Cristiano tinha o antídoto para deixar por terra os detentores do troféu. E assim foi. 5-4, resultado final do encontro da segunda mão a favor dos barcelenses, que assim exultavam de alegria face à possibilidade de conquistar um título que estava muito, mas muito perto. Até porque o adversário das meias-finais vinha de um país (França) que se encontrava - e encontra - vários degraus abaixo dos mestres lusitanos na arte de manusear o stick, e como tal não iria oferecer grande resistência aos guerreiros minhotos. Na verdade o jogo ante os campeões franceses, o La Roche, não foi mais do que um treino. A eliminatória ficou desde logo resolvida em terras gaulesas, onde o Óquei de Barcelos venceu por expressivos 22-3. No Minho o caudal ofensivo barcelense voltou a sufocar os inofensivos franceses, que da bela localidade situada a norte de Portugal levaram mais uma cesta cheia de golos: 22, novamente, sendo que desta feita não marcaram nem um! A final era pois realidade, mas para deitar as mãos no caneco era preciso superar um duro teste chamado Roller Monza, o perigoso campeão italiano que nos quartos-de final havia deixado pelo caminho os gigantes galegos do Liceo da Corunha.
Ditou o sorteio que o primeiro jogo da decisão seria jogado em Barcelos, cujo pavilhão foi pequeno demais para visionar uma partida emotiva e equilibrada como se pode ver pela igualdade final de quatro golos. Cenário idêntico seria vivido na segunda mão, em Itália, onde nenhuma das equipas desarmou na luta pelo título, tendo-se atingido o fim do tempo regulamentar com um empate a três golos. Surgiu então a necessidade de se jogar um prolongamento, e ai apareceu em jogo artista de 17 anos, de seu nome Pedro Alves, que com o passar dos anos viria a tornar-se numa lenda do hóquei patinado lusitano. No prolongamento de Monza, Pedro Alves aproveita uma bola perdida no meio campo adversário, dribla um, dois jogadores contrários e só com o guarda-redes pela frente faz a diagonal e stica a bola para o fundo das redes, desenhando assim o golo do título, o golo mais saboroso - por certo - da história de um Óquei de Barcelos que na década seguinte iria vencer ainda dois títulos de campeão nacional e outras tantas taças de Portugal. Para a imortalidade ficava não só o nome de Pedro Alves mas também de Guilherme Silva (guarda-redes), Paulo Alves, Vítor Silva, ou Domingos Carvalho.
Quanto a reinados portugueses na maior competição de clubes da CERH seguiu-se uma longa travessia no deserto de 22 anos (!), mais de duas décadas onde o hóquei espanhol voltou a ditar leis - domínio interrompido apenas por um ano graças à vitória dos italianos do Follonica, em 2006 - de nada valendo as constantes ameaças do FC Porto, que por seis ocasiões falhou o assalto final - isto é, perdeu as finais - ao troféu mais desejado a nível continental.
Benfica faz a festa do título em casa do... eterno inimigo FC Porto!
BENFICA 2012/13: Em 1996/97 a CERH resolve reformular a sua principal competição. E à semelhança do que acontecia com outras modalidades - com o futebol à cabeça - resolve criar uma Liga Europeia, uma competição que agrega em si as melhores equipas continentais, sejam elas campeãs, ou não, dos seus respetivos países. E tal como futebol a maior prova de hóquei patins europeu passou a ter 3 e 4 equipas oriundas de Portugal, Espanha, e Itália, no fundo as grandes potências mundiais da modalidade, angariando desta forma níveis elevados de competitividade e espetáculo. Foram pois diversas as alterações introduzidas pela CERS ao figurino da prova. Entre outras, foram abolidas as eliminatórias, sendo que numa primeira etapa as equipas disputavam uma fase de grupos, cujos primeiros classificados avançariam para uma final four a realizar numa única cidade. Em 2012/13 a cidade do Porto foi escolhida pela CERS para acolher a final four da atual Liga Europeia, e muitos pensavam que esta era uma excelente oportunidade para o FC Porto alcançar o tão perseguido tri, não só porque atuava diante do seu público mas porque a antiga lenda do clube Tó Neves - agora no papel de treinador - havia montado uma equipa do outro Mundo, onde pontificavam lendas como Reinaldo Ventura, Edo Bosch, Ricardo Barreiros, Caio Oliveira, ou a jovem promessa Hélder Nunes. Perante tal cenário nem o mais pessimista dos portistas poderia imaginar que o maior rival do clube, neste caso o Benfica, poderia estragar a festa, mas o que é certo... é que estragou mesmo. Na quase cinquentenária história da competição apenas por uma mão cheia de ocasiões os benfiquistas haviam chegado à final, sendo que em termos de currículo europeu os lisboetas não tinham até então nas suas vitrinas mais do que um par de taças CERS.
Treinado por Luís Sénica o Benfica seria colocado no Grupo C na primeira fase da prova, juntamente com os espanhóis do Réus, dos italianos do Viareggio, e dos alemães do Cronenberg. Sem grandes dificuldades o emblema luso venceu a chave, com um total de 13 pontos, consequentes de quatro vitórias, um empate, e apenas uma derrota (em casa do Réus).
Nos quartos-de-final o Benfica voltaria a Espanha, desta feita para defrontar o Noia, tendo ali empatado a três golos o encontro da primeira mão. Em Lisboa um autêntico vendaval - de golos - varreu com o clube espanhol da Liga Europeia. 7-0 foi o resultado que colocou os benfiquistas na final four do Dragão Caixa (recinto do FC Porto). Quis o destino que nas meias-finais da citada final four o Benfica enfrentasse o colosso Barcelona, que a par do FC Porto chamava a si o favoritismo para vencer a prova. Ao fim dos 50 minutos, o jogo terminou empatado a quatro bolas e assim se manteve no prolongamento.
Na lotaria das grandes penalidades o Benfica marcou por duas vezes, por intermédio de Abalos e de Marc Coy, enquanto o Barcelona só marcou um, por Josep Ordeig, garantindo assim a festa encarnada.
Na grande final - realizada no dia seguinte - Benfica e FC Porto mediaram forças num ambiente fantástico... pintado em tons de azul-e-branco. Nada mais natural, já que os portistas jogavam em casa. Final essa que esteve para não se realizar, uma vez que os benfiquistas se queixavam de falta de segurança e dos poucos bilhetes disponibilizados aos seus adeptos, ameaçando por isso boicotar o jogo! Através do diálogo - pacífico - o boicote foi eclipsado e o Benfica entrou mesmo em rinque para escrever a página mais brilhante da história do seu hóquei. Um golo de ouro de Diogo Rafael, ainda na primeira parte do prolongamento (no final do tempo regulamentar o resultado era de 5-5), acabou por entregar o título aos encarnados, naquela que foi também a primeira final da Liga Europeia entre equipas portuguesas. Com o triunfo de 6-5 o Benfica conquistava assim a quinta TCE/Liga Europeia para Portugal, e para a história ficavam nomes como Marc Coy, Carlos Lopez, Diogo Rafael, ou Luís Viana, os novos heróis do hóquei lusitano. 
Benfica sagrou-se bi-campeão europeu em casa
BENFICA 15/16: Três anos depois de ter silenciado o Dragão Caixa (no Porto) ao arrecadar diante da equipa da casa o troféu mais importante do hóquei patinado continental, eis que o Benfica repete o feito, agora em casa, ante do seu público, e à custa dos conterrâneos da Oliveirense, equipas que a par dos encarnados discutiu a final four da prova junto com o Barcelona e o Forte dei Marmi. Para voltar a colocar as mãos na taça os benfiquistas efetuaram uma caminhada imaculada, onde apenas por uma ocasião foram derrotados, facto ocorrido ainda na fase de grupos desta edição da Liga Europeia, em casa do Vic (7-6). Tirando esta mancha no currículo, o Benfica contabilizou por vitórias todos os restantes jogos disputados no Grupo B, que integrava ainda o Bassano Hockey (Itália) e o Mérignac (França). Nos quartos-de-final os pupilos de Pedro Nunes mediram forças com os espanhóis do Vendrell, sendo que na primeira mão os portugueses confirmaram o seu favoritismo ao vencer por 5-3, com golos de Jordi Adroher, Carlos Nicolia (2), Marc Torra e João Rodrigues. Na volta, em Lisboa, os lusos atuaram mais descontraídos, e talvez por isso não tenham ido além de um empate a cinco golos, onde Marc Torra se destacou ao marcar três golos. Ainda assim o resultado era mais do que suficiente para o Benfica atingir mais uma final four da sua história. Fase decisiva que teve então lugar na capital do nosso país, na casa dos benfiquistas mais concretamente, que desta forma garantiam um importante reforço extra (os seus adeptos) para tentar alcançar o segundo título de campeão europeu. E assim foi. Na meia final, ante o poderoso Barcelona (o clube mais titulado na Europa do hóquei patinado) os encarnados tiveram a sorte do seu lado, atendendo ao facto que levaram a melhor na lotaria das grandes penalidades. O jogo, muito bem disputado, chegou ao seu final empatado a um golo (pelo Benfica marcou o inevitável Marc Torra), pelo que houve necessidade de um prolongamento - que nada resolveu - e de uma sessão de grandes penalidades. Aqui, o guarda-redes encarnado foi o herói, ao defender quatro dos cinco penaltis que o Barça dispôs. Do outro lado, o Benfica converteu duas grandes penalidades, selando o resultado final em 3-2 a seu favor, abrindo assim a porta da final, a qual iria ser 100 por cento portuguesa, já que no outro encontro a Oliveirense venceu o Forte dei Marmi também por 3-2. E diante de um repleto pavilhão na sua esmagadora maioria afeto aos lisboeta, o Benfica embalou para uma grande exibição, culminada com um histórico triunfo por 5-3, com golos Diogo Rafael (2), Carlos Nicolia (2) e Jordi Adroher, igualando assim o FC Porto enquanto equipa portuguesa com mais conquistas na prova rainha da CERH. Nota: texto atualizado em 16 de maio de 2016.
42 anos depois o leão voltou a rugir mais alto na Europa do hóquei em patins

*SPORTING 2018/19: Cerca de quatro décadas depois os Leões de Alvalade voltavam a rugir mais alto na principal prova do hóquei patinado continental. Tal como em 76/77 o Sporting era detentor de uma grande equipa e tal começou a comprovar-se ainda na fase de grupos da Liga Europeia que os leões venceram com margem folgada sobre os italianos do Forte dei Marmi, os espanhóis do Liceo e os alemães do Germania Herringen. Em seis jogos o Sporting venceu cinco e só empatou um - no rinque do Forte dei Marmi - e somou 16 pontos no Grupo B. Nomes como Ângelo Girão, Caio, Matías Platero, Toni Pérez, Gonzalo Romero, Henrique Magalhães, Ferran Font, ou Pedro Gil empolgaram os entusiastas do hóquei, não só os adeptos afetos aos verde-e-brancos como todos aqueles que gostam da modalidade. Na fase a eliminar, isto é, nos quartos-de-final, o Sporting teve pela frente outra equipa transalpina, no caso o Amatori Lodi, que na 1.ª mão foi cilindrado no novo e moderno Pavilhão João Rocha - casa dos leões - por 8-2, com golos de Ferran Font (2), Henrique Magalhães (2), Gonzalo Romero, Pedro Gil, Toni Pérez e Raul Marín. Na volta, em Lodi, nova vitória por 5-2 confirmou a supremacia leonina, graças a sticadas certeiras de Ferran Font (2) e Raul Marín (3). O Sporting estava assim na final four da Liga Europeia e mais do que isso as suas exibições anteviam que o emblema lisboeta era um sério candidato a trazer de volta para Portugal o troféu mais cobiçado do hóquei em patins europeu no que a clubes diz respeito. E mais candidato ficou quando o palco escolhido para a final four foi o ultra moderno Pavilhão João Rocha, que além da equipa da casa recebia ainda para a fase decisiva da prova o FC Porto, o Benfica e o todo poderoso Barcelona, quiçá o principal favorito a vencer o título. Para a meia final estava destinado um dérbi eterno, isto e, um Sporting - Benfica. Com o João Rocha completamente lotado as duas equipas proporcionaram um empolgante jogo. Depois de um início de jogo equilibrado, o espanhol Pedro Gil aproveitou uma transição para inaugurar o marcador num remate de meia distância aos 8 minutos. O Benfica respondeu ao tento leonino com a velocidade da dupla diabólica composta pelos argentinos Nicolia e Ordoñez, que no entanto iam tendo pela frente um inspirado Ângelo Girão na baliza leonina. E como quem habitualmente não marca sobre, após uma excelente combinação com Romero, Matías Platero aumentou aos 16 minutos a vantagem do Sporting no marcador. Logo na resposta Diogo Rafael conseguiu reduzir na sequência de uma distração da defesa da casa, mas logo de seguida o Sporting corrigiu esta desatenção com o 3-1, outra vez da autoria de Platero, com assistência de Pedro Gil. No segundo tempo o Sporting soube gerir a vantagem, embora o encontro tenha tido oportunidades para os dois lados. Os últimos 10 minutos foram de emoções ao rubro. O internacional português Henrique Magalhães ampliou a vantagem dos leões após um jogada de individual só ao alcance dos grandes génios do hóquei, um golo que de certa forma adormeceu os pupilos de Paulo Freitas, que permitiram de seguida que o Benfica tivesse seis minutos demolidores e empatasse a partida a quatro golos. O jogo estava partido, entrou num ritmo frenético, para delírio dos quase 3000 espectadores presentes, e só uma jogada de génio poderia desempatar o clássico. Assim foi. A dois minutos do final Romero disferiu um poderoso remate do meio da rua para levar a bola ao fundo das redes de Pedro Henriques e carimbar o passaporte leonino para a final, onde iria defrontar no dia seguinte (12 de maio) o FC Porto, que na outra meia final havia superado o Barcelona nas grandes penalidades. E pela terceira vez na História a Liga Europeia (anteriormente denominada de Taça dos Campeões Europeus) iria ter uma final 100% portuguesa e mais do que isso iria marcar o fim do longo jejum leonino na prova rainha do hóquei continental após a mítica vitória do 5 Maravilha dos leões em 1977. Após um início de jogo com muitos cuidados defensivos de parte a parte, foi na sequência de um lance de génio de Toni Pérez que o marcador foi inaugurado no Pavilhão João Rocha. A vantagem durou menos de dois minutos, pois uma meia distância de Reinaldo Garcia não deu hipóteses a Girão. Porém, minutos depois, um período menos conseguido por parte dos portistas seria aproveitado pelos sportinguistas para se colocarem na frente. Um ataque rápido conduzido por Ferran Font permitiu a Vítor Hugo colocar os leões em vantagem aos 8 minutos. No minuto seguinte Raul Marín ainda falhou uma grande penalidade para o Sporting, mas tal não afetou o combinado de Paulo Freitas, que logo de seguida na sequência de um livre direto ampliaram para 3-1 por intermédio de Font. Havia mais Sporting na pista por esta altura e não foi de estranhar que ainda antes do intervalo Romero fizesse o 4-1. No reatamento o FC Porto subiu as suas linhas defensivas e arriscou tudo para reentrar na partida e a 10 minutos do fim Gonçalo Alves encurtou a desvantagem e relançou a contenda. Após algumas intervenções decisivas dos dois guarda-redes eis que Ferran Font num remate cruzado de meia distância faz o 5-2 final que deu o título europeu ao Sporting 42 anos depois.
Nota: Texto atualizado em maio de 2019 
No Luso o Sporting fez o que nenhuma outra equipa portuguesa conseguiu:
sagrar-se bi-campeã da Europa de forma consecutiva!

*SPORTING 2020/21: Depois de na época anterior as competições europeias de hóquei em patins terem sido canceladas por força da Covid-19 que assolou o Mundo, eis que em 2020/21 a CERS teve de proceder a algumas modificações no calendário europeu ao nível de clubes precisamente por força da pandemia. E uma dessas alterações prendeu-se com a concentração da fase de grupo da Liga Europeia num só local, tendo para o efeito sido escolhida a localidade do Luso, em Portugal. Nove equipas (oriundas de Portugal e Espanha) foram dividas em três grupos de três, sendo que no final assistiu-se a um domínio total das equipas portuguesas em contraste com o descalabro total dos conjuntos espanhóis. Contas feitas, apuraram-se para a final four os três primeiros classificados dos três grupos, nomeadamente o FC Porto, a Oliveirense e o Benfica, aos quais se juntou o segundo melhor classificado da fase de grupo, nada mais nada menos do que o campeão europeu em título, o Sporting. Foi pois uma final four exclusivamente portuguesa, algo inédito no âmbito da prova rainha do hóquei continental, tendo a CERS mais uma vez escolhido o Luso para ser palco da fase decisiva da competição, algo que aconteceu no fim-de-semana de 15 e 16 de maio. O FC Porto foi o primeiro finalista da Liga Europeia, ao vencer a Oliveirense por 6-4. A equipa de Oliveira de Azeméis entrou muito bem no encontro e esteve mesmo a vencer por 4-0, mas ao intervalo a diferença já era de um golo. A reação portista teve continuidade na segunda parte, com a equipa orientada por Guillem Cabestany a fechar com um triunfo por 6-4.
Na outra meia final o Sporting venceu o Benfica nas grandes penalidades após um empate a cinco bolas no final do prolongamento. Carlos Nicolía e Lucas Ordoñez (2) marcaram os golos das águias no tempo regulamentar, vantagem anulada pelo Sporting através de Matías Platero, Ferran Font e Toni Pérez. No prolongamento, os leões estiveram em vantagem por duas vezes, golos de Matías Platero e Ferran Font, mas o Benfica logrou a igualdade nas duas ocasiões, mercê das finalizações de Sergi Aragonès e Carlos Nicolía. Nos penáltis, Alessandro Verona marcou por duas vezes, enquanto Carlos Nicolía foi único das águias capaz de bater Ângelo Girão, ainda na primeira série de 5. Já na ‘morte súbita’, o mesmo Nicolía desperdiçou e permitiu o apuramento do Sporting para a final.
O jogo decisivo da prova foi uma reedição da final de 2018/19, sendo que o desfecho acabaria por ser o mesmo, isto é, o Sporting voltou a coroar-se como rei da Europa do hóquei. A equipa leonina venceu o FC Porto por 4-3, após prolongamento, defendendo assim com sucesso o título de campeão europeu de hóquei em patins, graças aos golos de Toni Pérez e Gonzalo Romero no prolongamento. Nesta final os dragões até começaram a partida melhor e já venciam por 2-0 aos cinco minutos, com golos de Rafa e Gonçalo Alves na conversão de um livre direto. Mas Ezequiel Mena marcou na própria baliza (14) e Toni Pérez (38), já no segundo tempo, levaram o encontro para prolongamento. Pérez voltou a marcar e operou a reviravolta no marcador, aos 53 minutos, dilatada no mesmo minuto por Gonzalo Romero, através de livre direto, enquanto Gonçalo Alves ainda reduziu de grande penalidade, aos 58", mas não foi suficiente para travar o triunfo sportinguista. Até ao final da partida, Girão segurou a vantagem mínima e o troféu continua assim na posse dos leões, que se tornaram na primeira equipa portuguesa a vencer a competição de forma consecutiva, e o emblema português que mais vezes ergueu o troféu. Já o FC Porto perdeu a terceira final consecutiva de uma competição que não vence há 21 anos.
*Nota: texto atualizado em maio de 2021
33 anos depois FC Porto voltava a ser rei da Europa

*FC PORTO 2022/23: Após 11 finais perdidas (!) e 33 anos de espera (!!), eis que em 22/23 o FC Porto voltava a sagrar-se campeão da Europa. Um título (o terceiro dos dragões na prova rainha da CERS) celebrado no alto Minho, mais concretamente em Viana do Castelo, cidade que no início de maio de 2023 acolheu a Final 8 da Liga dos Campeões. E para chegar à fase decisiva da prova o FC Porto, liderado tecnicamente pelo espanhol Ricardo Ares, classificou-se em segundo lugar do Grupo B na fase de grupos, superado apenas pelo campeão da Europa em título, os italianos do Trissino. Na fase de grupos os portistas somaram três vitórias (5-0 na receção aos italianos do Sarzana, 7-3 no jogo de volta no reduto do Sarzana, e 5-1 na receção aos catalães do Noia), dois empates (3-3 na receção ao Trissino, e 0-0 na deslocação ao rinque do Noia), e uma derrota (na derradeira ronda da fase de grupos em casa do Trissino, por 6-2). E na Final 8 o FC Porto começou por afastar, nos quartos-de-final, um dos seus maiores rivais a nível interno, o Benfica, por 4-2. Os portistas tiveram uma etapa final demolidora, já que nos sete minutos finais apontaram três golos quase de rajada que lhes garantiu o passaporte para a ronda seguinte. Os dragões marcarem por Gonçalo Alves, aos minutos 3 e 47 minutos, por Carlo di Benedetto, aos 44 minutos, e por Rafa, aos 50 minutos, ao passo que para os encarnados marcaram Lucas Ordóñez, aos 9 minutos, e Nil Roca, aos 48. No cômputo geral o Porto foi mais eficaz num jogo que começou com ataques de um lado e reações imediatas do outro. Seguiu-se na meia-final quiçá o principal candidato a levar a taça para casa, o Barcelona. No Pavilhão José Natário os azuis-e-brancos contrariam a teoria e venceram por 4-3, mas não ganharam para o susto. Isto porque perto do fim dispunham de uma vantagem de três golos (4-1), mas em apenas dois minutos os portugueses do Barça, Hélder Nunes e João Rodrigues, devolveram a incerteza - quanto ao vencedor - ao jogo. Mas com garra e muito sofrimento o FC Porto garantiu mais uma vez a presença na final. Quanto à marcha do marcador deste encontro, Rafa inaugurou a contagem para o FC Porto logo aos 5 minutos, sendo que aos 12 Pau Bargallo repôs a igualdade para os catalães após passe do então ex-portista Hélder Nunes. Na segunda parte o FC Porto beneficiou de um de dois livres diretos convertidos por Gonçalo Alves para voltar a liderar o marcador. Depois, Xavi Barroso e Ezequiel Mena ampliaram a vantagem, dos portugueses, que viram depois, como já foi dito, Hélder Nunes e Pau Bargalló reduzir para o combinado orientado por Eduard Castro. E na grande final o Porto defrontou o vizinho e eterno rival Valongo, que pelo segundo ano consecutivo chegava à final da principal competição europeia da modalidade. E em Viana do Castelo os dragões quebraram o longo jejum de títulos, vencendo por 5-1. Para o FC Porto marcaram Rafa (8 minutos), Carlo di Benedetto (18 e 30 minutos), Gonçalo Alves (21 minutos, de livre direto) e Xavi Barroso (49 minutos), enquanto Miguel Moura (13 minutos) fez o tento dos valonguenses. Para a história do FC Porto ficavam os nomes de Xavi Malián, Telmo Pinto, Rafa, Carlo Di Benedetto, Gonçalo Alves, Tiago Rodrigues, Xavi Barroso, Reinaldo García, Diogo Barata, e Ezequiel Mena, os grandes obreiros do terceiro título de campeão europeu do emblema da Cidade Invicta. *Nota: texto atualizado em maio de 2023

Taça das Taças: Portugal rei e senhor

Cerca de 10 anos depois de ter criado a TCE a CERH lança a Taça dos Vencedores das Taças, prova que à semelhança do futebol era destinada aos clubes que na época anterior tivessem vencido as taças dos respetivos países. E se na principal competição do organismo que tutela o hóquei em patins europeu o domínio é amplamente espanhol, na Taça das Taças os clubes portugueses ditam leis, ou melhor, ditaram leis, isto porque esta prova teve vida curta, não indo além de 20 edições. 
Duas dezenas de edições onde metade foi conquistada por emblemas lusos, sendo que o Oeiras e o Sporting são os mais vitoriosos, com três triunfos cada na sua conta pessoal. FC Porto (por duas ocasiões), Sanjoanense, e Óquei de Barcelos (com um título conquistado cada um deles) são os nomes dos restantes cavaleiros portugueses que inscreveram o seu nome na lista de campeões. 
As primeiras três edições do novo certame da CERH foram por inteiro dominadas por um pequeno emblema que no seu historial jamais venceu um campeonato nacional ou sequer uma Taça de Portugal!!!!
Equipa do Oeiras que inaugurou a lista de campeões
da Taça das Taças
OEIRAS 1976/77: Seria na qualidade de finalista vencido da Taça de Portugal da temporada de 1975/76 que a modesta Associação Desportiva de Oeiras foi o representante de Portugal na primeira edição da Taça das Taças (TdT). Estaria porém longe de imaginar esta pequena coletividade dos arredores de Lisboa que este seria o primeiro passo de uma trajetória histórica de três anos consecutivos. Já lá vamos. Em 1976/77 arranca então a TdT, sendo que em sorte calhou à equipa portuguesa na primeira eliminatória da nova competição os franceses do Gujan. Na primeira mão, realizada em solo português vitória lusitana por claros 18-5, margem mais do que confortável para na segunda mão efetuar um passeio até França, onde seria conquistada uma nova vitória, desta feita por 6-3. Seguiram-se as meias-finais, com o grau de dificuldade a aumentar, e onde apenas a sorte determinou a passagem do Oeiras à final. Passamos a explicar. Os italianos do Novara foram o adversário dos lusos nesta fase, sendo que a primeira mão deste confronto foi realizada em Portugal, a qual seria traduzida numa curta vitória do Oeiras por 5-4. Em Itália mandou a equipa da casa, a qual vencia o jogo no final do tempo regulamentar por igual resultado, ou seja 5-4. Assim sendo, houve a necessidade de se jogar um prolongamento onde nada se alterou, recorrendo-se posteriormente para o desempate através de grandes penalidades. Teimosamente o empate manteve-se, com ambas as equipas a não irem além de um 3-3 final no tiro ao boneco. Os árbitros não tiveram então outro remédio senão atirar a moeda ao ar (!) para apurar o vencedor da eliminatória, e eis que a sorte escolheu o Oeiras, que assim atingia a final. Patamar este onde iria medir forças com os espanhóis do Arenys de Munt, com o cenário da meia final a repetir-se. Ou seja, uma vitória (4-2) e uma derrota por igual resultado obrigaram a que no jogo da segunda mão, ocorrido em Portugal, se recorresse à marcação de grandes penalidades para se encontrar o campeão. A única diferença em reação ao confronto com o Novara foi que desta feita não foi preciso recorrer à moeda ao ar, já que o Oeiras foi mais eficaz nos penaltis ao vencer por 3-2 e assim coroar-se como o primeiro campeão da TdT. 
A equipa do Oeiras que esmagou o poderoso Voltregá
na primeira mão da final da TdT, e que assim garantia (praticamente)
a continuidade do troféu em solo português

OEIRAS 1977/78: Como campeão da TdT em título o Oeiras ganhou por direito próprio um bilhete para a segunda edição do certame. Iniciou esta nova caminhada - até à glória - no rinque dos belgas do Rolta com uma vitória por 4-2. A história do jogo de volta resume-se aos golos, aos muitos golos com que os lusitanos despacharam os amadores belgas: 12-3. E na meia-final o Oeiras fez um novo brilharete, não só porque eliminou um dos candidatos ao trono da TdT, os italianos do Follonica, mas sobretudo porque o fez com estilo... e estrondo. Depois de uma derrota por 1-3 na primeira mão, em solo transalpino, o Oeiras cilindrou no seu reduto os italianos por 12-1 no encontro de volta, garantindo desta forma uma nova e sensacional presença na final. Na partida mais desejada novo reencontro com os vizinhos espanhóis, desta feita com o Voltregà, poderoso conjunto que no seu currículo tinha três Taças dos Campeões Europeus! Mas mais uma vez o pequeno Oeiras foi gigante, e na primeira mão, em casa, colocou uma mão na TdT, ao vencer por 3-2 seu oponente. O encontro da segunda mão foi uma batalha, tendo os portugueses resistido heroicamente aos constantes ataques dos castelhanos à sua baliza. 3-3 foi o resultado final, um empate que soube a vitória, o suficiente para que a taça continuasse a morar nas vitrinas do popular Oeiras. 
Oeiras, tri-campeão da TdT, nunca mais nenhuma outra
equipa lusa conseguiu vencer em três anos
consecutivos uma competição europeia!

OEIRAS 1978/79: Fazendo jus ao velho ditado de que "não há duas sem três" o Oeiras partiu para a sua terceira aventura europeia na TdT com os olhos postos na reconquista do troféu. Porém, não teve vida fácil em comparação com as duas primeiras edições. Isto porque pelo caminho teve de se desviar de adversários bem complicados... Logo na primeira eliminatória quis o destino que pela primeira vez na história da jovem competição da CERH duas equipas portugueses medissem forças. Oeiras e Benfica (que participava na prova na qualidade de vencedor da Taça de Portugal da época anterior), discutiram um lugar na meia-final no desenrolar de uma eliminatória equilibrada como atesta a curta vitória do Oeiras no conjunto das duas mãos (7-6). Na antecâmara da final, isto é, a meia-final, novo confronto com uma squadra italiana, desta feita o Lodi, que na primeira mão empatou em casa a cinco golos com o combinado português. No encontro de volta o Oeiras puxou dos galões de grande equipa que era e bateu os italianos por 4-1, alcançando assim pela - impensável - terceira vez consecutiva a final. Ali, esperava o conjunto português um velho conhecido nestas andanças, o Voltregà, desejoso de vingar a final perdida na temporada anterior. Mas tal não se passou, já que a reconquista da TdT ficou praticamente selada em Oeiras no encontro da primeira mão, o qual seria vencido pelos lusos por concludentes 10-1. A viagem a Espanha foi pois encarada com descontração, como facilmente comprova a derrota por 3-6, um desaire que deu aso a uma explosão de alegria na comitiva portuguesa, que assim pela terceira vez consecutiva vencia o troféu. 
Este tri-vitória na TdT assumiu contornos de imortalidade na história do hóquei luso, pois até hoje mais nenhuma equipa do nosso país conseguiu vencer por três edições consecutivas um troféu continental. 
No patamar da imortalidade ficam pois os nomes de Salema, Carvalho, José Pereira, Carlos Alves, Vítor Rosado, Cristóvão, ou José Rosado, os craques que deram vida ao mágico Oeiras dos finais dos anos 70. 
 
Equipa do Sporting que conquistou a primeira
das TdT da história da clube

SPORTING 1980/81: Após um interregno de um ano eis que o hóquei português voltava em 1981 a patinar no lugar mais alto do pódio da TdT. Fê-lo através do primeiro emblema luso a triunfar numa prova europeia, o Sporting Clube de Portugal, cujo plantel de 80/81 se viu reforçado com alguns dos heróis que conduziram o modesto Oeiras a três títulos consecutivos na segunda prova da CERH, nomeadamente Salema, Carvalho, e Vítor Rosado. Nomes que se juntavam a lendas leoninas como Chana, e João Sobrinho, que neste início dos anos 80 se viam privados da companhia do astro António Livramento, que entretanto havia colocado um ponto final na sua brilhante carreira e assumia agora o papel de treinador dos leões. Com um grupo renovado em relação ao brilharete alcançado na Taça dos Campeões Europeus de 77 o Sporting iniciou a campanha na TdT de 81 com uma goleada aos franceses do Fresnoy, que na primeira mão saíram da Nave de Alvalade vergados a uma pesada derrota de 26-1. Na segunda mão, e apenas para cumprir calendário, o Sporting foi a terras gaulesas confirmar a sua abismal superioridade com novo triunfo, desta feita por 10-4. 
Nas meias-finais a fasquia da dificuldade subiu ligeiramente, muito por culpa de uns combativos alemães, que davam pelo nome de Herten. No primeiro jogo os pupilos de Livramento venceram em Alvalade por 5-3, carimbando o passaporte para a grande final na Alemanha graças a um novo triunfo, desta feita por 6-1. No encontro mais aguardado da prova surgiu o primeiro grande teste, chamado Cibeles, forte combinado espanhol oriundo de Oviedo, localidade onde os portugueses no jogo da primeira mão perderam por 4-1. Uma derrota que se poderá - ou não - explicar no facto de o pensamento dos leões estar em Gonzaga da Silva, o dirigente leonino responsável pelo hóquei em patins que havia sido internado de urgência na sequência de uma pneumonia. Para a segunda mão pedia-se concentração, calma, e muita garra para dar a volta à situação, e foi o que aconteceu. Com o Pavilhão de Alvalade para lá de cheio - estavam 7000 pessoas num pavilhão que tinha capacidade para 5000 - o Sporting não começou nada bem um encontro onde precisava de vencer por mais de três golos para ficar com a taça, sendo que a meio do primeiro tempo perdiam por 1-2. Empurrados pelo seu público os leões afiaram as garras e ao intervalo venciam por 4-2. Não chegava, eram precisos mais golos. No segundo tempo o Cibeles fechou-se no seu quadrado, abdicando quase por completo do ataque, dificultando assim a vida a um Sporting que viu-se e desejou-se para acertar com a baliza. Fá-lo-ia apenas por uma ocasião, por intermédio da sua estrela, Chana, que na primeira parte tinha feito dois golos, igualando desta feita a eliminatória a seis golos. Seguiu-se um prolongamento, onde apareceu de novo a magia de Chana, que eclipsou por completo um conjunto espanhol apostado em chegar ao desempate por grandes penalidades. Chana faria o 6-2, e seria ainda o autor do passe para Salema fazer o 7-2 final, resultado que permitiria ao Sporting vencer a primeira das suas três TdT, o primeiro título de Livramento enquanto treinador, um título que fez explodir de alegria Alvalade nessa mítica noite de 27 de junho de 1981.
Ilídio Pinto (que na imagem é o segundo elemento da fila de cima
a contar da direita para a esquerda) conquista em 1982 o primeiro dos seus
52 títulos (nacionais e internacionais) com o FC Porto!
FC PORTO 1981/82: Conhecido entre os portistas como o senhor hóquei patins, Ilídio Pinto é o grande responsável pelo facto do emblema nortenho ser hoje um dos maiores símbolos do hóquei nacional e internacional. Pegou na secção de hóquei portista em 1973, e desenvolveu um trabalho notável, expresso - até aos dias de hoje - em mais de meia centena de títulos nacionais e internacionais. A primeira grande conquista aconteceu em 1982, precisamente a TdT, o primeiro título conquistado, na verdade, pelo hóquei portista, que até então nunca havia vencido qualquer competição, nacional ou internacional. Comandados pelo treinador Vladimiro Brandão os azuis-e-brancos começaram por ultrapassar com alguma facilidade os finalistas da temporada anterior, o Cibeles, de Espanha, com duas vitórias, uma por 9-3, e outra por 5-1. Na meia-final surgiram os alemães do Cronenberg, equipa chata, que sem arte nem engenho para jogar (bom) hóquei lá conseguiu bater os portistas por 2-1 na primeira mão. Tudo, porém, não passou de um susto, já que na segunda mão o Porto esmagou o seu opositor por claros 14-2, alcançando assim a final. Ai, encontrou o vencedor da temporada transata, o Sporting, grande favorito a revalidar o título. Mas do outro lado estava uma equipa composta por hoquistas de grande craveira, como Cristiano Pereira, Alves, ou os jovens Vítor Hugo, e Vítor Bruno. A primeira mão realizou-se na Cidade Invicta, e com o Pavilhão Dr. Américo de Sá cheio como um ovo, o FC Porto contrariou a teoria e goleou os sportinguistas por 13-4, sentenciando praticamente a final. Uma semana depois viajou até Lisboa, aliás, foi passear até à capital, pois com a folgada margem que levava na bagagem o encontro da segunda mão não mais foi do que um cumprimento de calendário, tendo esse encontro terminado com uma vitória (de honra) dos leões por 8-7. A norte soltaram-se foguetes, pela obtenção da primeira de muitas vitórias por parte dos azuis-e-brancos. 
FC Porto: bi-campeão da Taça das Taças
FC PORTO 1982/83: Na qualidade de titular do troféu o FC Porto partiu para a sua segunda aventura na competição da CERH. Na primeira ronda os portistas afastaram os suíços do Vevey, por 14-4 no conjunto das duas mãos. O primeiro grande obstáculo surgiu nas meias-finais, onde pela frente Cristiano e companhia tiveram o Liceo da Corunha, poderoso combinado galego que na primeira mão venceu por 5-4. Triunfo magro que seria anulado pelos discípulos de Ilídio Pinto no jogo de volta, conforme atesta o triunfo por 6-2. Quis o destino que na final os portistas voltassem a enfrentar uma equipa portuguesa, desta feita o Benfica. Foi na verdade um grande e emotivo duelo, apenas decidido na lotaria das grandes penalidades. Na primeira mão, no Porto, empate a duas bolas, sendo que na Luz aconteceu uma nova igualdade, desta feita a cinco golos. Neste segundo encontro - transmitido em direto pela RTP 2, coisa rara naquele tempo - o Benfica chegou a estar a vencer por 4-1 a meio da segunda parte, resultado que levou os seus adeptos à loucura, pensando estes que finalmente o clube iria conquistar a sua primeira coroa de glória internacional. Puro engano. Vítor Bruno, Vítor Hugo, Fanã, e Alves carregaram o FC Porto para um sprint final avassalador, chegando ao términus do tempo regulamentar empatados a cinco golos. No prolongamento foi o Benfica que esteve mais perto de voltar a marcar, fruto da sua clara aposta ofensiva, ao passo que os portistas tentavam surpreender no contra-ataque. Nada se alterou, e vieram as grandes penalidades, tendo aqui a sorte bafejado os nortenhos, que além de continuarem na posse do troféu levaram o Pavilhão da Luz às lágrimas. 
SPORTING 1984/85: Depois dos espanhóis do Réus terem interrompido em 1983/84 o reinado lusitano na TdT, eis que na temporada seguinte o troféu volta para terras lusas por intermédio de um velho conhecido: o Sporting. A caminhada para a reconquista da prova começou de forma fácil, já que os franceses do La Roche nada conseguiram fazer para evitar uma goleada - no total das duas mãos - de 40-9! Treinados por Luíz Barata, o Sporting apresentava-se nesta nova caminhada europeia com muitas novidades em relação às recentes conquistas internacionais, com um grupo onde pontificavam agora nomes como Pedro Trindade, Campelo, Sérgio Nunes, ou Camané. Na meia-final apareceu o Liceo da Corunha, que perseguia desenfriadamente a sua primeira TdT. Sabendo disso, o Sporting acautelou-se, e na primeira mão, com uma grande exibição, segurou a avalanche galega, alcançando um triunfo por 8-5. Foi pois com três golos de vantagem que os leões viajaram até à Galiza, onde uma exibição serena bastou para controlar as fores investidas do Liceo, que não conseguiu mais do que um triunfo por 4-3, insuficiente para que o Sporting passasse à final. E na grande final os portugueses encontraram o conjunto surpresa desta edição da TdT, os alemães do Waslum, que na outra meia-final havia afastado os detentores do troféu, o Réus. Na primeira mão da final os leões viajaram até à Alemanha, testemunhando o porquê de o Réus ter caído aos pés dos desconhecidos alemães. 1-1, resultado final, que deixava tudo em aberto para o Pavilhão de Alvalade. Repleto de entusiastas do hóquei - e claro, do Sporting - este pavilhão foi palco de um grande jogo, onde o Walsum vendeu muito cara uma derrota por 8-4, valendo a soberba atuação do guarda-redes leonino Ramalhete, que impediu por diversas ocasiões que os germânicos silenciassem Alvalade. 
Uma equipa histórica: Sanjoanense, o surpreendente
vencedor da Taça das Taças de 1986
SANJOANENSE 1985/86: A par do Oeiras foi quiçá a grande surpresa da história da TdT. Falamos da Associação Desportiva Sanjoanense, equipa modesta do cenário do hóquei patinado luso que em 86 escreveu a página mais bela da sua história ao vencer contra todas as espectativas a segunda competição da CERH. A inesquecível caminhada rumo à glória começou com uma vitória sobre os alemães do Iserlohn, 11-5 em casa e 6-5 na Alemanha. Nas meias-finais os alvinegros esmagaram a equipa suíça do Genéve nos dois jogos realizados (17-1 e 14-9) e garantiram a sua presença na final da competição, juntamente com o Sporting.
No jogo da primeira mão, em Alvalade, a Sanjoanense não conseguiu mais do que um empate a três golos. Já em casa e depois de ter estado a perder por 5-0, os alvinegros inverteram o resultado acabando por vencer por 9-6. Licínio Santos foi um dos homens do jogo ao apontar quatro dos nove golos marcados. Orientada pelo técnico José Lisboa, a formação vencedora da TdT de 1986 alinhou no jogo final, frente ao Sporting, com o seguinte “cinco” inicial: Reis; Gentil, Lima, Licínio e Zeca. Começaram no banco de suplentes Rui Conceição, Miguel, Carlos Reis, Gil e Hélder. Nomes que hoje são autênticas lendas na história da bela localidade de S. João da Madeira.
A equipa do Sporting que conquistou
a sua última Taça das Taças
SPORTING 1990/91: Seria com um grupo bem diferente do lendário dream team edificado nos anos 70 que o leão iria rugir mais alto na cena internacional por uma última vez. Facto ocorrido no início da década de 90, quando figuras como João Pedro, Leste, Chambel, ou Zorro ajudariam a turma de Alvalade a arrecadar a terceira TdT do seu rico historial. A derradeira viagem rumo à glória europeia teve início na Holanda, onde os hoquistas comandados pelo técnico José Carlos venceram o Den Haag por 6-4, num encontro equilibrado e de hóquei de grande qualidade. Na segunda mão, em Lisboa, os leões provaram que as distâncias entre Portugal e Holanda - no que a hóquei patins diz respeito - ainda eram - e continuam a sê-lo - muito acentuadas, conforme expressa a tranquila vitória dos portugueses por 7-2. Nas meias-finais surgiu outro combinado que milita num patamar muito abaixo daquele em que está o hóquei lusitano, mais precisamente o Gazinet, de França. Em solo português desenrolou-se a primeira mão, num jogo onde os franceses apesar de terem dado uma excelente réplica não conseguiram evitar uma derrota por 6-4 diante de um Sporting a meio gás. Na semana seguinte os leões corrigiram esta postura branda e golearam o Gazinet no seu terreno por 6-1, garantindo assim a sua quinta final na TdT. Aqui o adversário seria de peso, e dava pelo nome de Novara, forte conjunto transalpino. Tal como seria de prever os leões encontrarm sérias dificuldades no encontro da primeira mão, ocorrido em Itália, desde logo o fanático público afeto ao conjunto da casa. Sexto jogador que deu um forte contributo para que o Novara chegasse ao intervalo a vencer por 6-4. Só um grande Sporting poderia dar a volta à situação, e assim foi. Contra tudo e contra todos os lisboetas patinaram para uma grande exibição, alcançando mais três golos no segundo tempo, o que se traduziu num triunfo importante por 7-6. Mas nada estava ainda ganho, faltava o segundo jogo na Nave de Alvalade. Repleto de público, uma imagem usual nas grandes noites europeias de hóquei, o pavilhão leonino viu o Sporting assumir as rédeas do encontro, ao passo que o Novara apenas explorava as situações de contra-ataque. Seria nesta toada que ao intervalo o marcador indicava uma igualdade a dois golos. E à semelhança do que havia ocorrido em Itália o Sporting fez uma segunda parte brilhante, e com um (guarda-redes) António Chambel fabuloso não deixou os italianos marcar um único golo, e juntando a isso uma exibição gigantesca de Campelo o Sporting voltou a marcar três golos e venceu a final por 5-2, e para as suas recheadas vitrinas levou mais um troféu, o seu último troféu internacional.
Óquei de Barcelos, a última equipa portuguesa a festejar
a conquista de uma Taça das Taças
ÓQUEI DE BARCELOS 1992/93: Em meados dos anos 90 ganhava cada vez mais contornos a ideia da criação de uma grande competição de hóquei patins a nível internacional, uma competição que pudesse agregar em si as melhores equipas das grandes potências da modalidade, isto é, uma Liga Europeia, o que viria a acontecer num futuro muito próximo. A TdT estava pois em declínio, e o seu fim era iminente. 1993 foi pois o último ano de glória para o hóquei patins luso no seio desta competição, ano este em que a equipa da moda - daquela altura - venceu a sua terceira competição internacional. Falamos do Óquei de Barcelos, emblema minhoto que se fez grande na década de 90 com uma série de conquistas. Depois da vitória surpreendente na Taça dos Campeões Europeus de 1991 e na Taça Intercontinental de 92, os barcelenses arrecadaram a TdT em 93, na sequência de uma caminha imaculada de seis vitórias alcançadas noutros tantos jogos disputados. Na primeira eliminatória Paulo Alves, Guilherme Silva, Pedro Alves, e companhia despacharam com categoria os favoritos do Voltregà com um total de 15-3, sendo de sublinhar a goleada que os espanhóis sofreram em Barcelos na primeira mão: 10-2! O caminho para a glória ficava assim mais fácil, até porque nas meias-finais os alemães do Cronenberg não ofereceram grande resistência, conforme explicam as duas folgadas vitórias obtidas pelos barcelenses, 10-2 em solo luso, e 9-2 em terras germânicas. E se a meia-final não foi complicada, a final foi um autêntico passeio para os minhotos, visto que pela frente tinham o frágil e desconhecido conjunto helvético do Thunerstern. A TdT ficou praticamente entregue após o encontro da primeira mão, ocorrido na Suíça, de onde o Óquei de Barcelos saiu com um expressivo triunfo por 8-0. Só uma catástrofe impediria os minhotos de escreverem a mais uma brilhante página na sua história, e na segunda mão, jogando diante do seu entusiasta público, o Óquei atuou descomprimido, o suficiente para obter novo triunfo, desta feita por 6-3, e assim inscrever o seu nome na lista de campeões de uma competição que chegaria ao fim em 1996.
1993 seria mesmo um ano dourado para o Óquei de Barcelos, que para além desta TdT venceria ainda o campeonato nacional, a Taça de Portugal, e a Supertaça de Portugal. Notável.

Taça CERS/Taça WSE: Portugueses repartem domínio com os eternos inimigos de Itália e de Espanha

Em 1980 a CERH lança a sua terceira competição ao nível de clubes, a Taça CERS, o equivalente à Taça UEFA no futebol. Até hoje - 2017 - foram realizadas 37 edições, tendo a prova sido ganha por 25 conjuntos diferentes, um claro sinal do equilíbrio que se tem verificado ao longo da história. Em termos de palmarés Portugal luta neste momento taco a taco com os seus eternos inimigos no planeta do hóquei em patins, Itália e Espanha no que a número de conquistas diz respeito, sendo que as equipas portugueses somam 12 triunfos, contra 10 dos italianos, e 15 dos espanhóis. Esta tem sido uma competição propícia a que pequenos clubes apareçam na senda internacional, casos dos espanhóis do Tenerife, do Tordera, do Vilanova, ou dos italianos do Amatori Vercelli, e do Seregno, que tiveram a oportunidade de inscrever o seu nome na lista de vencedores.

A famosa equipa do Sesimbra que em 1981 inaugurou a lista de campeões da Taça CERS
SESIMBRA 1980/81: Portugal também venceu a prova por intermédio de clubes de menor dimensão, tendo um desses clubes inaugurado a lista de campeões na época de 1980/81. Referi-mo-nos ao modesto Sesimbra - hoje quase desaparecido o mapa do hóquei lusitano - que em Junho de 81 bateu na primeira final da Taça CERS os excêntricos holandeses do Lichstadt por um total de 6-1. Até levantar o troféu o Sesimbra deixou pelo caminho os franceses do Gujan (8-4/14-2), os espanhóis do Noia (3-6/6-1) e os italianos do Amatori Lodi (3-6/10-1). Para a história ficam os nomes de José Adrião, José Pedro, Carlos Pereira, Carlos Garrancho, Guedes, Silveira, Fernando António, Carlos Cunha e Ernesto Meireles (treinador). 

Em 1984 o Sporting fez história no hóquei em patins
internacional, ao tornar-se na primeira equipa europeia
a vencer as três competições da CERS
SPORTING 1983/84: Na temporada de 1983/84 o Sporting entrou para a história, pois tornou-se na primeira equipa europeia a conquistar os três troféus continentais - Taça dos Campeões Europeus, Taça das Taças, e Taça CERS. Treinados pelo mago dos patins e do stick António Livramento os leões bateram na final o Novara, de Itália, com quem travaram um duelo intenso e com algumas cenas de pugilato, sobretudo no primeiro encontro, realizado em terras transalpinas, onde a violência dos italianos assumiu contornos extremos. Intimidados, ou não, pela agressividade do seu oponente o que é certo é que o Sporting perdeu por 4-1. Na segunda mão um super Sporting entrou no rinque de Alvalade, e com uma exibição espetacular humilhou por completo o Novara, que saiu de Lisboa vergado a uma pesada derrota por 11-3. José Rosado, Ramalhete, Pedro Trindade, Luís Nunes, Campelo, Sérgio Nunes, e um jovem promissor chamado Carlos Realista entraram assim não só para a história do hóquei sportinguista mas também do hóquei internacional.
Histórica equipa do Benfica que em 1991
ofereceu ao clube o seu primeiro troféu internacional
BENFICA 1990/91: Desde a histórica vitória leonina foram precisos mais quatro anos para que de novo a bandeira portuguesa fosse içada no mastro mais alto da competição, e de novo por intermédio de um pequeno clube, neste caso o Sporting de Tomar, que na final de 1988 derrotou com surpresa os italianos do Amatori Vercelli - que em 83 haviam vencido esta competição - por um total de 14-8 (com duas vitórias na final, em casa por 6-5, e fora por 8-3). E eis que em 1991 finalmente o Benfica vence uma prova europeia de hóquei patins. Com cinco finais continentais perdidas no currículo - três na TCE, e duas na TdT - os encarnados mataram o borrego em 91 na sequência de uma vitória na final sobre os espanhóis do Réus, por um total de 14-9. Este triunfo marcou o início de uma década de ouro para o hóquei benfiquista, sendo que entre 1993 e 1995 a equipa não perdeu um único jogo, estabelecendo assim um recorde que perdura até hoje no seio da modalidade a nível nacional. Com uma equipa recheada de craques - hoje lendas da modalidade - onde pontificavam nomes como Vítor Fortunato, José Carlos, Luís Ferreira, Rui Lopes, e Paulo Almeida - que era simultaneamente o "cinco" base da seleção nacional - o Benfica, orientado pelo técnico Carlos Dantas, era uma verdadeira máquina de ganhar, sendo que em números a década de 90 pauta-se pela conquista de cinco títulos de campeão nacional, três Taças de Portugal, quatro supertaças portuguesas, e a tal histórica Taça CERS.
FC Porto venceu a Taça CERS em 1994 e...
1996
FC PORTO 1993/94 e 1995/96: Os anos 90 foram de pura glória para o hóquei português na Taça CERS. Em 10 edições cinco foram vencidas pelos lusos, sendo que para além do triunfo do Benfica em 1991 ficam para a eternidade as vitórias do FC Porto, do Óquei de Barcelos, e da Oliveirense. Os portistas conquistaram mesmo a prova por duas ocasiões, a primeira em 1994, deixando para trás o Bassano (Itália), Turquel (Portugal), e o Flix (Espanha), antes de derrotar na grande final os também espanhóis do Vic (derrota na primeira mão por 2-5, e triunfo no jogo de volta por 7-1. Em 1996 a taça voltou a viajar para as Antas, na sequência de um duplo triunfo na final diante do Tordera (Espanha) por 3-0/7-1.
Óquei de Barcelos entrou em 1995 para o restrito clube das
equipas que venceram as três competições da CERS
ÓQUEI DE BARCELOS 1994/95: Um ano antes o mesmo Tordera havia perdido o troféu para os minhotos do Óquei de Barcelos, no seguimento de uma derrota - no total das duas mãos - por 10-6. Desta forma, FC Porto e Óquei de Barcelos faziam companhia ao Sporting no restrito clube de equipas que haviam vencido as três competições da CERH. Em 1997 outra pequena - grande - equipa lusa levou para as suas vitrinas a Taça CERS, neste caso a Oliveirense, que numa final 100 por cento portuguesa derrotou o Gulpilhares por um total de 8-5 no conjunto das duas mãos.
Equipa do Benfica que conquistou a segunda Taça CERS do clube, em 2011
Já no novo milénio assistiu-se à histórica conquista por parte de... um histórico do hóquei português, o Paço de Arcos. Por oito vezes campeão nacional nas décadas de 40 e 50, o clube da Linha só meio século mais tarde alcançaria a tão perseguida glória continental.  Na temporada de 1999/2000 o Paço de Arcos brilhou na Europa do hóquei, começando por afastar na 1ª ronda a Oliveirense nas grandes penalidades - empates nos primeiro (4-4) e segundo (2-2) jogos - seguindo-se um triunfo por 10-8 - no total das duas mãos - sobre os italianos do Bassano nos quartos-de-final. Antes de alcançar a final os sulistas bateram os espanhóis do Flix por um total de 13-7, e no encontro mais desejado a vítima do Paço de Arcos foi o experiente Voltregá, que socumbiu aos pés dos lusos com duas derrotas (8-2/3-2).
Três anos antes do Paço de Arcos entrar para a restrita lista de vencedores, a Oliveirense venceu o seu primeiro troféu continental após derrotar numa final 100 por cento portuguesa o conjunto do Gulpilhares um total de 8-5 (no conjunto das duas mãos).
Desde 2007/08 que a final da CERS é realizada numa só mão na cidade de um dos quatro semi-finalistas da prova, que entre si disputam uma final four - à semelhança do que acontece com a Liga Europeia - sendo que em 2011 o Benfica voltou a conquistar o troféu, depois de ter batido na final os espanhóis do Vilanova por 6-4.
Sporting voltou aos triunfos europeus 24 anos após a sua última festa
*SPORTING 2014/15: Após 24 anos de jejum europeu - o mesmo será dizer de conquistas europeias - eis que os leões voltaram a rugir bem alto na Europa do hóquei em patins. Facto ocorrido na Taça CERS, a segunda prova continental ao nível de clubes, competição em que o Sporting começou por afastar os espanhóis do Calafell, sendo que na primeira mão, realizada no país vizinho, os lisboetas venceram por 3-2, abrindo assim caminho para um novo triunfo duas semanas mais tarde, quando em Portugal os leões venceram por 3-1. Seguiu-se, nos oitavos-de-final, o Basileia, da Suíça, combinado que em casa não teve argumentos para evitar uma vitória curta mas merecida do Sporting, por 4-3. Em Lisboa, os verde-e-brancos confirmaram o seu poderio ao bater os suíços por 5-3, carimbando assim o passaporte para a ronda seguinte. Fase esta onde a fasquia da dificuldade ficou mais elevada, já que o oponente dos pupilos do técnico Nuno Lopes eram os também lusos da Oliveirense, uma equipa experiente em competições europeias, e apontada como um dos principais candidatos à vitória final na prova. Em casa, diante do seu público, o Sporting entrou mal na eliminatória, perdendo por 2-3, e para muitos dos experts em matéria de hóquei em patins a teoria confirmava-se na prática: o leão não tinha unhas para agarrar os hoquistas de Oliveira de Azeméis. Puro engano. Na segunda mão os leões fizeram jus ao nome, e com uma exibição categórica alcançaram um merecido triunfo por 4-1 que assim lhes abria as portas da final four. Fase decisiva esta que teve lugar em Espanha, na Catalunha, em Igualada para sermos mais precisos, que além da equipa da casa e do Sporting contava ainda com o Óquei de Barcelos e o Réus. A caminhada dos sportinguistas até aqui tinha sido heróica, sobretudo ante a Oliveirense, e para que a aventura continuasse a correr de vento em popa eis que na meia-final os portugueses escrevem mais uma página dourada nesta trajetória, ao eliminar após prolongamento a equipa da casa, o Igualada, por 3-2, o que garantia a final, a tão sonhada final. E o último obstáculo rumo ao sonho chamou-se Réus, poderosa e histórica equipa do hóquei espanhol, que tinha em Marc Coy a sua grande referência. 26 de abril, pavilhão cheio para assistir a um jogo épico, de parte a parte, equilibrado e espetacular do princípio ao fim. Logo nos primeiros minutos Tiago Losna abriu o marcador para os portugueses, um golo solitário que dava vantagem ao Sporting no descanso. E eis que a meio do segundo tempo apareceu o génio de Coy, que em duas ocasiões bateu o guardião Ângelo Girão e colocou o Reús na frente. O Sporting não baixou os braços e até final tomou de assalto a baliza de Roger Molina, e a cerca de quatro minutos do fim João Pinto fez justiça ao marcador ao apontar o 2-2. No prolongamento nada se alterou e a partida teve de ir para o desempate de grandes penalidades. Aqui, Girão foi o verdadeiro herói, ao defender três grandes penalidades, enquanto que Daniel Oliveira e Nico Fernández converteram em golo as suas sticadas e ofereceram assim o título ao Sporting. No final a festa foi leonina, com o presidente do clube, Bruno de Carvalho, a juntar-se aos festejos. Para a eternidade ficam os nomes de: Ângelo Girão, Daniel Oliveira, Nico Fernández, Ricardo Figueira, André Moreira, Tiago Losna, João Pinto, Zé Diogo Macedo, André Pimenta, Carlos Martins, e Nuno Lopes (treinador). *Nota: Texto atualizado em 26 de abril de 2015
A alegria dos jogadores do Óquei de Barcelos
após vencerem o quarto título europeu da sua história
*ÓQUEI DE BARCELOS 2015/16: Clube com uma gloriosa tradição no hóquei patinado nacional e internacional, o Óquei de Barcelos voltou em 2016 a elevar o seu nome na alta roda do hóquei em patins europeu na sequência da conquista da Taça CERS. Mais de duas décadas após ter conquistado pela primeira vez na sua história o segundo troféu mais importante do Velho Continente, os barcelenses ergueram o caneco diante dos seus fervorosos adeptos na sequência de um triunfo por 6-3 ante os espanhóis do Vilafranca no encontro decisivo de uma final four que teve lugar em Barcelos.
A caminhada até à glória teve um início relativamente fácil, já que na pré-eliminatória o Óquei atropelou os frágeis austríacos do Villach com um resultado global (nas duas mãos) de 32-2 (16-2 e 16-1). A ronda seguinte trouxe algumas dificuldades inesperadas a um conjunto que nesta temporada se havia reforçado com a lenda do hóquei luso Reinaldo Ventura, oriundo do FC Porto. Pela frente, os pupilos de Paulo Freitas tiveram os teoricamente acessíveis franceses do Coutras, que na primeira mão dos oitavos-de-final da competição impuseram um surpreendente empate a sete golos em... solo português! Porém, na segunda mão o favorito Barcelos confirmou o seu estatuto de gigante do hóquei internacional adquirido nos anos 90 do século passado, e arrumou a questão com um concludente 12-3. O sonho de voltar à ribalta internacional ganhava agora contornos mais definidos para o gigante adormecido Barcelos, mas o adversário dos quartos-de-final impunha respeito, já que era (e é) um dos conjuntos mais poderosos do hóquei italiano: o Amatori Lodi. A primeira mão foi realizada no Pavilhão de Barcelos que, como manda a tradição, encheu para presenciar uma exibição de gala do seu amado Óquei. Ao intervalo os portugueses já venciam por 4-1,graças a sticadas certeiras da estrela Reinaldo Ventura, Hugo Costa (2) e Zé Pedro. Na segunda parte o carrossel mágico dos minhotos continuou a encantar, tendo Reinaldo Ventura, em duas ocasiões, Luís Querido e Pedro Mendes feito balançar por mais quatro ocasiões as redes da baliza de Porchera e sentenciar a partida em 8-4 a favor dos portugueses. Meio caminho rumo à final four estava feito, faltava superar o inferno de Lodi. E ali o Óquei começou com alguma tremideira fruto do domínio natural dos italianos, que aos cinco minutos da segunda parte venciam por 3-0, colocando assim em risco o apuramento dos lusos. Porém, e como que acordando de um sono profundo, os barcelenses empataram de rompante a partida a três golos aos 16 minutos. O jogo estava de loucos, já que o Lodi não baixou os braços e voltou a colocar-se em vantagem por 4-3. No entanto, o Barcelos respondeu, e no espaço de um minuto Pedro Mendes fez dois golos que silenciaram o pavilhão. O Lodi ainda teve forças para se recolocar na posição de vencedor, mas já muito tarde para virar a eliminatória, sendo que ainda houve tempo para Joca Guimarães fazer o 6-6 final e carimbar o passaporte do Óquei para uma final four que seria disputada precisamente em Barcelos. Disputada nos dias 30 de abril e 1 de maio a fase final da competição contou ainda com os italianos do Matera, dos catalães do Vilafranca e dos campeões da Taça CERS em título, o Sporting. E na meia final diante de um pavilhão lotado o Barcelos teve de suar bastante para afastar o Matera. Ao intervalo os lusos venciam por 2-0 com golos de Reinaldo "Rei" Ventura, mas no segundo tempo o Matera reagiu e bem, chegando à igualdade aos 12 minutos. Reinaldo Ventura estava com o stick em brasa, e aos 15 minutos recolocou o Óquei na frente do marcador, mas já perto do final Antezza fez o 3-3 final. Houve então necessidade de prolongamento, que nada decidiu. Chegaram os sempre terríveis penaltis, onde o Barcelos levaria a melhor por 2-1, apurando-se assim para mais uma final europeia. O adversário seria o Vilafranca que também havia afastado o Sporting por via das grandes penalidades na outra meia final. O inferno de Barcelos assistiu a um grande e memorável encontro de hóquei patins, que não só entra na história pelo resultado final mas sobretudo pela emoção e pelo excelente jogo praticado por ambos os conjuntos. Ao intervalo o Óquei já vencia por 5-2, sendo que na segundo tempo limitou-se a controlar o jogo que iria terminar com a vitória lusa por 6-3. Barcelos explodia de alegria, o seu Óquei voltava a reinar no Velho Continente 21 depois da última conquista. Para a história ficariam os nomes de Ricardo Silva, João Pereira, Hugo Costa, Joca Guimarães, Zé Pedro, Luís Querido, Miguel Vieira, Pedro Mendes, Pedro Silva e o lendário Reinaldo "Rei" Ventura, um dos melhores hoquistas de sempre da história da modalidade.  *Nota: Texto atualizado em 2 de maio de 2016
Foi em terreno inimigo (Viareggio) que o Óquei de Barcelos segurou a Taça CERS
pelo segundo ano consecutivo
*ÓQUEI DE BARCELOS 2016/17: Brilhante, é a palavra adequada para descrever a epopeia do Óquei de Barcelos na Taça CERS de 2016/17, competição em que os nortenhos dissiparam todas as dúvidas - se é que as havia - em relação ao facto de terem recuperado o estatuto de gigante do hóquei em patins internacional. E se a vitória na temporada anterior tinha tido um sabor especial por ter sido obtida em Barcelos, a conquista de 2017 foi inolvidável e todos os títulos pelo simples facto de ter sido alcançada diante da equipa que atuava em casa no jogo decisivo da prova. Mas já lá vamos. O trajeto rumo a uma nova glória europeia aconteceu em janeiro, altura em que na primeira ronda da competição os barcelenses iniciaram a defesa do ceptro ante os italianos do Follonica. Em solo transalpino, na primeira mão, os jogadores de Paulo Freitas impuseram-se com um triunfo por 3-1, resultado que deixava aberta a porta dos quartos-de-final. E na segunda mão, em Barcelos, nova vitória, desta feita por 3-2. Contudo, o Óquei teve de se aplicar a fundo para derrotar um forte conjunto italiano que nunca se deu por vencido, viajando para Portugal com a intenção de dar a volta à eliminatória, como comprova o facto de Federico Paganini ter aberto o marcador. Golo que despertou os barcelenses, que ainda antes do intervalo passaram para a frente com golos de Álvaro Morais e Luís Querido. Na segunda parte, e apesar da pressão transalpina, os portugueses controlaram o encontro, e aos 34 minutos Hugo Costa faria o 3-1, selando praticamente a passagem de eliminatória. Paganini ainda reduziu, mas já era tarde. Nos quartos-de-final um novo osso bem duro de roer foi colocado no caminho dos portugueses. Osso duro que dava pelo nome de Vilafranca, curiosamente o adversário do Óquei na final da edição anterior, que estava sedento de vingança. A reedição da final de 2016 teve o primeiro ato na Catalunha, onde os barcelenses até nem entraram mal, já que ao intervalo o resultado era lhes favorável por 1-0, graças a um golo do mito Reinaldo "Rei" Ventura. Na segunda parte o Vilafranca partiu com tudo para cima do conjunto de Paulo Freitas, chegando rapidamente ao 3-1. Ainda antes do final João Guimarães reduziu a desvantagem dando assim alguma esperança ao Óquei de Barcelos para o jogo da segunda mão. E na bela localidade minhota o Óquei viveu mais uma jornada memorável fruto de uma exibição categórica. Luís Querido (com dois golos), João Guimarães, Miguel Vieira, Álvaro Morais e Reinaldo Ventura fizeram o gosto ao stick, e mais do que isso ajudaram a construir uma inquestionável vitória por 6-3 que colocava o Óquei em nova final four. Fase decisiva em que os portugueses já não contaram com o seu treinador, Paulo Freitas, que depois da eliminatória diante do Vilafranca partiu para Lisboa, para treinar o Sporting. Para o seu lugar chegou Paulo Pereira, o homem que em 2014 havia guiado o Valongo ao inédito título de campeão nacional. Voltando à final four da Taça CERS 2016/17 para dizer que a lindíssima cidade de Viareggio foi o palco escolhido pela CERH para receber o Óquei de Barcelos, o Hockey Sarzana (Itália), o Caldes (Espanha) e a equipa local, os quatro cavaleiros que iriam lutar pela posse do troféu. E o primeiro obstáculo derrubado pelo Óquei rumo a uma nova final foi o Sarzana, equipa aguerrida que lutou bastante para contrariar o favoritismo dos lusos que ao intervalo venciam pela margem mínima (2-1), com golos de Álvaro Morais e Reinaldo Ventura. Foi acima de tudo um grande jogo de hóquei, que iria ficar decidido na reta final, altura em que Miguel Vieira fez o 3-1 final e abriu a porta do jogo decisivo aos portugueses, que iriam agora defrontar a turma da casa, o Viareggio. Italianos que eram treinados pela antiga lenda do Óquei de Barcelos dos anos 90, Alessandro Bertolucci, que em campo tinha ainda às suas ordens o seu irmão mais novo, Mirko, também ele um antigo jogador dos barcelenses. Uma cidade inteira apoiava a sua equipa rumo a uma inédita conquista europeia, transformando o pavilhão num autêntico inferno para o Óquei de Barcelos, que apesar favorito sentiu algumas dificuldades iniciais para impor a sua supremacia. Xavi Costa fez explodir a multidão quando aos 5 minutos colocou o Viareggio em vantagem. Contudo, ainda antes do intervalo os portugueses deram a volta ao marcador, primeiro por João Guimarães e depois por intermédio de Hugo Costa. No segundo tempo o Óquei não só segurou a avalanche italiana como ampliou a vantagem aos 41 minutos por Rúben Sousa. Um minuto mais tarde Mirko Bertollucci ainda acordou os apáticos tiffosi da casa ao reduzir para 2-3 na execução de um livre direto, mas a escassos segundos do final Miguel Vieira deu a machadada final ao fazer o 4-2, resultado que permitiu ao Óquei de Barcelos continuar na posse da Taça CERS. Com esta conquista os portugueses tornavam-se a par do Novara (Itália) e do Liceo da Corunha (Espanha) como a equipa mais titulada da segunda competição da CERH - com três conquistas. *Nota: Texto atualizado em 1 de maio de 2017

Taça Continental: Domínio avassalador de Espanha em contraste com o modesto brilho luso

No mesmo ano (1980) em que organizou a primeira edição da Taça CERS a entidade que regula o hóquei patinado europeu cria a sua quarta competição continental: a Taça Continental. É em tudo semelhante à Supertaça Europeia de futebol, isto é, disputa-se no início de cada temporada desportiva entre o campeão da Liga Europeia e o vencedor da Taça CERS. Isto no presente, pois até 1996 foi discutida entre o campeão europeu e o vencedor da hoje extinta Taça das Taças (TdT). Dito de uma forma simples e frontal, a Taça Continental é uma competição onde os clubes portugueses não têm sorte, já que em 37 edições - realizadas até à data (2017) - apenas por seis ocasiões saíram vencedores, sendo que nas restantes a taça viajou sempre para... Espanha, e quase sempre por intermédio do mesmo emblema, o FC Barcelona, que detém nas suas vitrinas quase duas dezenas de taças continentais!
O lendário "dream team" do FC Porto liderado pelo mago Vítor Hugo que conquistou
a primeira Taça Continental para Portugal
FC PORTO 1986: Mas no que concerne a clubes lusos a primeira conquista remonta a 1986, ano em que o FC Porto interrompeu uma série de seis títulos consecutivos do Barça. Os portistas entraram em pista como detentores do título europeu conquistado na época transata garças ao virtuosismo de lendas como Carlos Realista, Alves, Franklin ou Vítor Hugo. E na disputa pela Taça Continental os portistas defrontaram a equipa sensação da Taça das Taças de 1885/86, a Sanjoanense, que contra todas as expectativas havia vencido a então segunda competição mais importante da CERH. Mas o poderio dos portistas era por demais evidente, conforme viria a comprovar-se na primeira mão do duelo luso, ganho pelos azuis e brancos por 9-3. Na segunda mão os campeões europeus tiraram o pé do acelerador, permitindo uma vitória amarga da turma de S. João da Madeira por 3-4. Amarga - para os sanjoanenses - porque a taça viajou para a Cidade Invicta.
1991 foi um ano memorável para Barcelos, cidade que por intermédio do seu Óquei
conquistou a Europa (e o resto do Mundo) do hóquei em patins
ÓQUEI DE BARCELOS 1991: Quatro anos mais tarde seria a vez do Óquei de Barcelos colocar as mãos na taça. Estávamos em 1991 e os barcelenses eram por estes dias a equipa "número 1" do Velho Continente. Por outras palavras eram os detentores do mais importante ceptro europeu, e mais do que isso eram um verdadeiro "dream team" onde pontificavam nomes como Paulo Alves, Pedro Alves, ou Guilherme Silva. 1991 foi mesmo o ano dourado da rica história do emblema de Barcelos a nível internacional, já que ao título de campeão da Europa iria somar a Taça Intercontinental e esta Taça Continental. Uma conquista alcançada à custa de outro clube português, no caso o Sporting, vencedor da TdT de 1990/91, graças a dois inquestionáveis triunfos (11-2 / 5-3).
Uma...
BENFICA 2011: Foi preciso esperar 19 anos (!) para que a Taça Continental voltasse a morar em Portugal. E este foi um regresso atribulado e relativamente fácil. Passamos a explicar. Atribulado porque um dos participantes na disputa resolveu à última da hora não viajar para Viana do Castelo - local designado pela CERH para acolher a final a uma só mão - o que permitiu uma vitória fácil ao... Benfica. Os encarnados - que surgiam neste cenário na qualidade de campeões da Taça CERS de 2010/11 - arrecadaram pela primeira vez o troféu, sendo-lhes atribuído um triunfo por 10-0 sobre o Liceo da Corunha, por falta de comparência dos galegos. A explicação dada por estes últimos para justificar a ausência desta final foi de que no dia seguinte teria um jogo importante para a Liga Espanhola, jogo esse que era prioritário. Assim, os benfiquistas entraram no rinque só para fazer a festa, tendo, no entanto, o seu treinador, Luís Cénica, lamentado a forma como foi alcançado este feito: «Esta taça vai figurar no meu currículo, mas devo confessar que foi o pior jogo da minha carreira», afirmou então.
... duas...
BENFICA 2013: Dois anos depois os encarnados voltaram a discutir o troféu, agora na qualidade campeões da Europa. O adversário seria o Vendrell (Espanha), que apesar de comparecer a jogo acabou por não oferecer grande resistência aos lusos. O Benfica venceu a primeira mão da prova, em terras espanholas, por 5-3, resultado que deu alguma tranquilidade para o encontro da segunda mão, em Lisboa. E de facto seria bem tranquila e robusta a nova vitória dos portugueses, graças a sticadas certeiras do argentino Carlos Lopez (em duas ocasiões), João Rodrigues (também por duas vezes) e do espanhol Marc Coy. 5-0, o resultado final, com um total de 10-3, no conjunto das duas mãos.
... três Taças Continentais que moram no Museu do Benfica
BENFICA 2016: Em 2016 a Taça Continental volta a ser totalmente portuguesa, isto é, é discutida por dois clubes nacionais, no caso o Benfica (campeão europeu) e o Óquei de Barcelos (vencedor da Taça CERS). A equipa minhota ainda sonhou colocar a mão no troféu pela segunda vez na sua história, depois de na primeira mão ter vencido por 5-4 em sua casa. Porém, na segunda mão os benfiquistas puxariam dos galões, e esmagaram o Óquei por 9-2, dando assim a volta e levando para o seu Museu a terceira Taça Continental.
Jogadores da Oliveirense fazem a festa em Viareggio (Itália) após a vitória na Taça Continental
OLIVEIRENSE 2017: A CERH introduziu, em 2017, algumas modificações na sua Taça Continental. Desde logo o facto de a competição passar a ser disputada por quatro clubes ao invés dos dois vencedores das restantes provas continentais ao nível de clubes - a Liga Europeia e a Taça CERS. Além dos dois campeões continentais, a prova passou a incluir os vice-campeões das duas citadas competições, passando assim para quatro o número de equipas que disputavam entre si a Taça Continental, num formato de final-four - com duas meias-finais e a grande final. E para esta nova versão do certame, Portugal foi representado por dois clubes, a Oliveirense, na condição de vice-campeã da Liga Europeia da temporada de 2016/17, e o Óquei de Barcelos, campeão da Taça CERS da mesma época. A lutar pelo terceiro troféu continental estavam ainda o campeão europeu Reus e o finalista vencido da Taça CERS, o Viareggio.
E foi precisamente nesta última cidade italiana que decorreu a final four, sendo que uma das meias-finais colocou frente a frente os dois conjuntos lusos, as quais travaram uma batalha de cortar a respiração - no bom sentido da palavra. Foi, na verdade, um inolvidável e emocionante jogo de hóquei, que chegou ao fim do tempo regulamentar empatado a dois golos, sendo que o tento do empate da turma de Oliveira de Azeméis chegou em cima do soar da campainha pelo stick de João Souto. Comandada pela antiga lenda dos rinques Tó Neves, a Oliveirense rompeu no prolongamento com o equilíbrio que até então se verificava, impondo-se categoricamente ao adversário, uma superioridade que foi vincada com dois golos da autoria de Jordi Bargalló e João Souto, que assim bisavam - cada um deles - na partida e selaram o marcador em 4-2.
No dia seguinte (15 de outubro) a Oliveirense subiu ao rinque do PalaBarsacchi de Viareggio para medir forças com a equipa que cerca de três meses antes lhe havia roubado o sonho de ser campeã da Europa: o Reus. No ar pairava um clima de vingança para os lusos, que procuravam não só vencer o segundo troféu continental da sua história, mas sobretudo vingar a derrota na última final da Liga Europeia ante os catalães. Oliveirense que mais uma vez realizou uma exibição de grande categoria, superiorizando-se desde cedo ao teoricamente favorito Reus. Aos seis minutos, João Souto abriu o marcador, um golo que acordou o colosso catalão, que sete minutos volvidos empatou a contenda por intermédio de Albert Casanovas. Porém, esta era a noite da Oliveirense, que ainda antes do intervalo recolocou-se em vantagem, graças as duas sticadas plenas de êxito de Jepi Selva e de Pablo Cancela. A segunda parte teve início a todo o gás, e com apenas 27 segundos jogados, Ricardo Barreiros fez o 4-1 para os portugueses, que assim estavam cada vez mais perto de colocar as mãos na taça. Mas ainda havia muito tempo para jogar, e o Reus voltou a reentrar na discussão do resultado, de novo graças ao génio de Casanovas. O jogo entrou então numa fase louca, de bola cá, bola lá, acabando os golos por surgir com naturalidade para os dois lados, tendo, no entanto, a Oliveirense sido mais eficaz na hora de atirar à baliza de Candid Ballart, ao apontar três golos, por intermédio de Pedro Moreira (2) e João Souto. De nada valeram assim os tentos de Albert Casanovas, mais uma vez, e Alex Rodriguez. Resultado final: 7-4 para a Oliveirense, que assim trazia mais uma eurotaça para Portugal. *Nota: Texto atualizado em 15 de outubro de 2017
Foi em casa que o Sporting conquistou a sua primeira Taça Continental

*SPORTING 2018/19: No início da temporada de 2019/20 disputou-se a Taça Continental numa final four que teve como cenário o Pavilhão João Rocha, casa do Sporting. Estávamos em setembro, e tal como havia acontecido num passado recente a decisão do título teve um empolgante duelo entre os finalistas da Liga Europeia, FC Porto e Sporting. Para chegar à final leões e dragões deixaram pelo caminho os finalistas da Taça CERS, respetivamente os italianos do Sarzana e os espanhóis do Lleida. Com muitas caras novas nos respetivos grupos, Sporting e FC Porto proporcionaram um encontro intenso pautado pelo equilíbrio. Apesar disto o Sporting entrou na pista mais mandão, mas pela frente encontrou um guarda-redes inspirado. Romero foi o primeiro a desbloquear o nulo, na sequência de um lance de génio individual. Porém, os portistas não baixaram a guarda e o reforço Carlo Di Benedetto restabeleceu a igualdade na cobrança de um livre direto. Na segunda parte o Sporting começou por tentar imprimir na partida um ritmo mais rápido, mas sentia dificuldades na hora de furar a muralha defensiva dos portistas. No entanto, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura", como diz o ditado, e Romero voltou a colocar os leões em vantagem. O italiano Cocco, de livre direto, ainda empatou, mas uma ponta final dos leões agressiva - no bom sentido da palavra - desfez a igualdade e garantiu a primeira Taça Continental ao Sporting. A menos de dois minutos do fim, Raul Marín pega na bola e com uma "picadinha" bateu o guardião Malián e fez o 3-2 final. 
*Nota: texto atualizado em setembro de 2019. 
Sporting ergue em Lleida a sua segunda Taça Continental

*SPORTING 2020/21: Na condição de campeão europeu o Sporting defrontou a 18 de setembro de 2021 a formação espanhola do Lleida para decidir quem seria o vencedor da Taça Continental. O encontro foi realizada na Catalunha, em casa do detentor da WS Europe Cup (antiga Taça CERS). Após uma época de interregno, em que não se realizou devido à pandemia de Covid-19, a prova voltou aos rinques em moldes distintos das últimas edições, isto é, ao invés de ser disputada em sistema de final four foi desenrolada num só jogo entre os vencedores das duas principais provas continentais. E este jogo sorriu à turma portuguesa, que ao vencer por 3-1 os catalães somou o seu segundo título na prova. Os golos leoninos foram apontados por João Almeida, aos 17 minutos da primeira parte, e já na segunda parte por Nolito, aos 30 minutos, e por João Souto, aos 47 minutos. Nos segundos finais Andreu Tomás reduziu para o combinado da casa. 
*Nota: texto atualizado em setembro de 2021

Valongo inscreveu o seu nome na lista de campeões das provas europeias em 2022

*VALONGO 2021/22: Terra que tive o hóquei em patins de uma forma muito apaixonada, Valongo entrou, por fim, na galeria dos clubes portugueses que têm o seu nome inscrito nos vencedores das competições europeias. Tudo aconteceu na Taça Continental de 21/22, altura em que a turma do norte de Portugal bateu os italianos do Trissino por 2-1 e conquistou o troféu. Integrada na final four da citada competição, realizada em Follonica (Itália) esta final foi uma reedição do encontro decisivo da Liga Europeia de 21/22, conquistada então pelo conjunto transalpino. Desta feita o Valongo venceu, com golos de Rafael Sousa e de Diogo Abreu. Para colocar a mão no troféu continental os valonguenses derrotaram nas meias-finais o Calafell, de Espanha, por 3-2. Foi um jogo épico, em que o Valongo recuperou de uma desvantagem de dois golos. Esta final four da Taça Continental foi disputada pelos finalistas da Liga Europeia da temporada de 21/22, mais concretamente o Trissino e o Valongo; e pelos finalistas da Taça WS Europa (antiga Taça CERS) da mesma época, ou seja, os espanhóis do Calafell e os italianos do Follonica. A par do título de campeão nacional obtido em 2014 esta Taça Continental é o cetro máximo conquistado por este clube tão especial do hóquei patinado luso. 
*Nota: texto atualizado em setembro de 2022. 

Taça Intercontinental: Quatro gotas de água lusitanas no imenso oceano espanhol

É talvez o troféu internacional ao nível de clubes com menor expressão. No entanto, arrebata-lo não deixa de ter um sabor especial, desde logo porque se trata de um título internacional, mas o facto de ser discutido com equipas do lado de lá do oceano (Atlântico) faz com que esta seja uma prova de vencedor previsível mesmo antes de a bola ser posta a rolar no rinque.
Falamos da Taça Intercontinental, competição que é atualmente disputada entre os vencedores da Liga Europeia e do Campeonato Sul-Americano. É, como já foi dado a entender, uma competição rodeada de pouco interesse, sobretudo atendendo à enorme diferença de qualidade entre sul-americanos e europeus, com clara vantagem para estes últimos. Facilmente podemos constatar este facto olhando para a lista de vencedores de um certame que teve início em 1983, em que nas 17 edições realizadas apenas por uma vez um clube da América do Sul levou a melhor sobre um combinado europeu, no caso, os argentinos do Trinidad, que em 1986 derrotaram o FC Barcelona. Tal como acontece na Liga Europeia e na Taça Continental também os emblemas espanhóis levam larga vantagem - no que concerne a títulos - sobre os vizinhos italianos e portugueses. Entre 1983 e 2017, nuestros hermanos arrecadaram o troféu em 12 ocasiões, ao passo que os lusos o fizeram por três vezes e os italianos por uma ocasião. A Taça Intercontinental é jogada atualmente a uma só mão, num local neutro acordado pelas duas equipas, embora nas oito primeiras edições a prova tivesse sida disputada a duas mãos, uma em cada continente, embora numa ou noutra ocasião os dois jogos foram disputados no mesmo continente de modo a evitar viagens longas para as equipas.
Óquei de Barcelos posa para a fotografia junto do seu adversário da final
da Taça Intercontinental, o Sertãozinho
ÓQUEI DE BARCELOS 1992: Campeão da Europa em 1991 coube ao Óquei de Barcelos a honra de defender o Velho Continente na 5ª edição da Taça Intercontinental, disputada somente em 1992, depois de três anos de interregno. Os barcelenses decidiram disputar os dois encontros da prova em solo forasteiro, no caso, em território brasileiro, já que de Terras de Vera Cruz saiu o seu adversário de então, mais precisamente o Sertãozinho. E bem podemos dizer que na verdade os portugueses foram fazer turismo ao Brasil, já que poucas ou nenhumas dificuldades encontraram pela frente para derrotar o campeão sul-americano nos dois jogos - 7-3 e 2-1. Desta forma, o Óquei era a primeira equipa portuguesa a conquistar o troféu, graças à mestria de nomes como Pedro Alves, Paulo Alves ou Guilherme Silva. Foram de facto os anos de ouro do Óquei de Barcelos no plano internacional.
Benfica celebrava em Torres Novas a conquista do... Mundo
BENFICA 2013: Foi preciso esperar mais de duas décadas - 21 anos para sermos mais precisos - para ver novamente uma equipa lusa erguer o troféu. Facto ocorrido em 2013, quando em Torres Novas o campeão europeu Benfica esmagou os brasileiros do Sport do Recife por 10-3. Orientados por Pedro Nunes, os encarnados não sentiram dificuldades para arrecadar o troféu, já que os golos deram vida à evidente supremacia dos lusos, que ao intervalo já cilindravam os sul-americanos por 5-0. Valter Neves, Marc Coy, Carlos López e Diogo Rafael dividiram entre si a dezena de golos dos novos campeões do Mundo.
Na casa do inimigo (Reus) o Benfica venceu a sua segunda Taça Intercontinental
BENFICA 2017: Em 2017 a FIRS introduz uma alteração na competição no sentido de lhe conferir mais brilho. Além dos campeões continentais do referido ano, a prova contou ainda com os dois campeões da Europa e da América do Sul de 2016, criando-se assim uma final-four. E neste ano de 2017 a Europa foi representada pelos catalães do Reus (vencedores da Liga Europeia de 2017) e do Benfica (campeão da mesma competição no ano anterior), enquanto que a América do Sul se fez representar pelo seu último campeão, os argentinos do Concepeción Patin Club, e campeão de 2016, o Andes Tallers, também da Argentina. Os portugueses acabariam por levar a melhor sobre a concorrência. Para colocar as mãos no seu segundo troféu intercontinental o Benfica começou por bater nas meias-finais o Andes Tallers por 7-4, num jogo em que o principal destaque individual vai para o argentino Carlos Nicolia, autor de três dos sete tentos lisboetas - os outros seriam apontados por Miguel Rocha, Tiago Rafael (2) e João Rodrigues. Na grande final os lusos defrontariam a equipa da casa, o Reus - a fase final foi disputada nesta cidade catalã -, tendo vencido por 5-3. Uma vitória nada fácil, já que ao intervalo o campeão da Europa em título vencia por 1-0. No entanto, uma exibição de luxo de Jordi Adroher, com quatro golos, ajudou a turma portuguesa a dar a volta ao marcador e a trazer para Lisboa a sua segunda Taça Intercontinental.
FC Porto festejou em Lisboa a conquista da sua primeira Taça Intercontinental

FC PORTO 2021: Disputada sem clubes da zona sul do continente, a Taça Intercontinental de 2021 contou apenas com o campeão e o vice-campeão da Europa, respetivamente, o Sporting e o FC Porto. As duas equipas portuguesas discutiram o troféu numa eliminatória a duas mãos no mês de dezembro, tendo na 1.ª mão, realizada no Porto, os portistas vencido por 6-3, com golos de Gonçalo Alves (2), Ezequiel Mena, Reinaldo Garcia, Telmo Pinto e Carlo di Benedetto. Para os lisboetas marcaram Toni Pérez e Gonçalo Romero, por duas ocasiões. Uma semana depois, disputou-se na capital a 2.ª mão, com o Sporting a ter uma tarefa árdua para dar a volta à eliminatória e somar à Liga Europeia a sua primeira Taça Intercontinental. O Sporting não teve essa sorte, pois apesar de ter vencido o jogo por 6-5 (com golos leoninos de Toni Pérez (3), João Souto (2) e Alessandro Verona, ao passo que os tentos dos portistas foram da autoria de Carlo di Benedetto, Reinaldo Garcia, Rafa, Xavi Barroso e Gonçalo Alves) não conseguiu evitar a festa dos azuis-e-brancos, que assim erguiam a primeira Taça Intercontinental da sua história. 

4 comentários:

  1. UMA GRANDE MEMÓRIA DO DESPORTO PORTUGUÊS. UMA VERDADEIRA MARAVILHA !

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  2. Para a historia do hoquei patins... grande contributo. Parabens.

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  3. Importante contributo para a historia do hoquei em patins nacional

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  4. Parabéns por este trabalho, muito importante para a história do nosso hóquei em patins
    J. Sobral

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