terça-feira, 9 de julho de 2019

Flashes Biográficos (4): Manuel da Fonseca e Castro


Manuel FONSECA E CASTRO (Futebol): Abrimos hoje as portas do Museu Virtual do Desporto Português com um homem do norte de Portugal, o primeiro jogador oriundo desta região a vestir a camisola da seleção nacional lusitana. Manuel da Fonseca e Castro de sua graça. Nasceu em Santo Tirso – presume-se que nos finais do século XIX ou inícios do século XX – e do pouco que se sabe a seu respeito foi um dos notáveis jogadores do Académico do Porto nos anos 20. Notável não se sabe se devido aos seus dotes enquanto talentoso avançado – a posição que ocupava em campo – ou se somente por ter sido o primeiro futebolista nascido no norte a vestir o manto sagrado da seleção nacional. Tal facto – histórico – aconteceu a 18 de junho de 1925, no Campo do Lumiar, em Lisboa, local onde a equipa das quinas defrontou a Itália naquele que era apenas o quinto jogo oficial da história da nação (futebolística) lusitana. E eis que depois de quatro derrotas nos quatro primeiros jogos diante da Espanha o combinado português obteve a primeira vitória (1-0) da sua história. Fonseca e Castro fez parte desse histórico momento, pese embora não tenha recebido as melhores críticas pelo seu desempenho no relvado do Lumiar. «Muitíssimo infeliz. A julgar pelo que fez nos treinos de Lisboa e das Caldas, deve ser atribuída a uma má tarde, a sua má exibição de quinta-feira. Talvez um tanto de nervosismo, proveniente da estreia», ou «... fraco, pouco estofo para jogos de responsabilidade», foram alguns do mimos que o jogador tirsense recebeu da imprensa desportiva após o célebre encontro internacional.

Críticas à parte o que é certo é que o jogador do Académico do Porto havia entrado para a história, não só porque fez parte do onze que ofereceu a primeira vitória da seleção, mas por ter sido então o primeiro nortenho a atuar pelo grupo nacional. Este duplo facto mereceu da parte do Académico uma atenção muito especial, já que a 5 de julho de 1925 o clube portuense organizou um banquete em homenagem a Fonseca e Castro, evento esse que teve lugar no majestoso Palácio de Cristal, na Cidade Invicta.

O avançado academista atuou em mais duas ocasiões pela seleção nacional: ante a Checoslováquia, numa partida ocorrida a 24 de janeiro no Campo do Ameal (Porto), e que terminou com uma igualdade a uma bola, e diante da França, a 18 de abril de 1926, em Toulouse, duelo que foi concluído com um robusto triunfo francês por 4-2. Desconhecendo se Fonseca e Castro seria um virtuoso da bola – pelas críticas conhecidas parece que não... – o que é certo é que ele era um gentelman dos relvados, um jogador correto e leal para com os seus adversários, e um defensor acérrimo do fair-play. A comprovar este facto está uma história curiosa, também ela de data desconhecida, mas que marca a história do próprio Académico do Porto, clube que sempre se pautou pela honestidade, dignidade, e cavalheirismo no seio do desporto. Reza então a história que em certo jogo – que os academistas precisavam de ganhar – Fonseca e Castro fez um golo, golo esse de pronto protestado pelos adversários que alegavam que a bola tinha estado fora das quatro linhas antes do avançado tirsense a introduzir na baliza. Perante o coro de protestos o árbitro da partida abeira-se de Fonseca e Castro para lhe perguntar se de facto a bola havia estado fora do campo antes deste a ter enviado para o fundo das redes. Com cavalheirismo e fair-play o jogador iria confirmar que de facto o esférico tinha estado fora, o que levou o juiz de imediato a invalidar um golo que acabaria por fazer falta ao Académico, uma vez que o emblema portuense perdeu o encontro em questão. Mas para Fonseca e Castro pior do que a derrota era a falta de honestidade e de caráter...

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