Depois do atletismo a vela é a modalidade que mais contribuiu para o enriquecimento do desporto português no que diz respeito a medalhas olímpicas. País desde sempre ligado ao mar foi com naturalidade que nos finais do século XIX Portugal se apaixonou pela prática da vela, tendo mesmo sido criado para efeito o primeiro clube da Península Ibérica, quando corria o ano de 1856.
Com o passar dos anos os velejadores lusos foram aperfeiçoando a sua técnica, e os títulos internacionais - muitos, diga-se de passagem - foram chegando com naturalidade. O primeiro grande momento da vela lusitana já aqui foi evocado numa outra visita ao passado, quando no verão de 1948 os irmãos Bello (Duarte e Fernando) trouxeram a primeira medalha de prata olímpica para o nosso país. E curiosamente voltaria a ser uma dupla de irmãos a trazer de novo a prata olímpica para a nação lusitana na sequência de mais uma histórica aventura no maior evento desportivo do planeta. E é precisamente esse importante capítulo da história desportiva portuguesa que hoje vamos recordar. Mas para isso há primeiro que apresentar os heróis desta aventura lusa, os irmãos Quina, Mário e José Manuel.
Nasceram ambos no Estoril, sendo que José Manuel é mais novo 5 anos do que Mário - o primeiro nasceu em outubro de 1935, ao passo que o segundo viu a luz do dia em janeiro de 1930 - tendo iniciado a sua carreira de velejadores no Clube Naval de Cascais.
O mais velho dos Quina fez a sua primeira aparição olímpica em 1952, em Helsínquia, 4 anos depois dos irmãos Bello terem conquistado a prata em Londres. Na capital finlandesa Mário Quina (que foi 17º na classe finn) assistiu a mais um momento dourado, ou melhor, um momento de bronze, da vela portuguesa, na sequência do terceiro lugar alcançado por Joaquim Fiúza e Francisco Rebelo na classe star. E seria já na companhia do seu irmão José Manuel que Mário Quina voltou a marcar presença nos Jogos, desta feita em Roma, em 1960, onde ambos atingiriam o seu momento de glória.
Na baía de Nápoles - local onde decorreram as provas náuticas das Olimpíadas de 60 -, e tripulando um barco denominado de Má Lindo, os irmãos Quina igualaram o feito conquistado 12 anos antes pelos também irmãos Bello, ou seja, trouxeram para casa a medalha de prata, na sequência de um épico segundo lugar na classe star, sendo apenas batidos pelos soviéticos Timir Pinegin e Fyodor Shutkov. Mais de meio século depois Mário Quina recordou esse feito após uma homenagem da Associação de Atletas Olímpicos, levada a cabo em 2011: «Nós estávamos bem equipados, mas uma regata destas é sempre muito imprevisível. Nós mantivemos quase todo o tempo um andamento muito razoável. O russo fez um percurso completamente diferente de toda a gente e foi quem ganhou».
Inolvidável é igualmente o momento em que subiram ao pódio, para receber a rodela de prata. «A cerimónia da medalha de prata foi muito emocionante, um momento único da vida, que me marcou muito. Quando chegou a altura de chamarem por nós para o pódio sentimos um arrepio cá dentro como nunca sentíramos na nossa vida. A bandeira portuguesa foi arreada preguiçosamente, para momentos depois, ao som da marcha de continência, subir de novo para ficar a tremular, altaneira, mais bonita que nunca! Ao mesmo tempo chegou às nossas mãos aquela rodela de prata que tem para nós o valor de todos os diamantes do Mundo».
Os irmãos Quina (na imagem) voltaram aos Jogos 8 e 12 anos depois, respetivamente na Cidade do México (1968) e em Munique (1972), onde não lograram alcançar o final feliz de Roma. Mário Quina, que profissionalmente se tornaria num reputado médico especializado em gastreterologia, recorda que no México «usámos o mesmo barco que navegámos em Itália, mas a nossa prestação não foi tão boa. Já em Munique disputei as regatas na classe dragão (ao passo que o seu irmão competiu em finn), mas a falta de velas boas, especialmente a vela balão, comprometeu a nossa performance».
Aparte das façanhas olímpicas os irmãos Quina guardam no seu baú de recordações vários e importantes resultados internacionais, sendo que Mário foi medalha de bronze no Campeonato da Europa de 1965, tendo ainda obtido dois 5ºs lugares, na classe star, em Campeonatos do Mundo (1953 e 1959). Já José Manuel alcançou, também na classe star, dois 4ºs lugares em Campeonatos da Europa (1957 e 1967).
Com o passar dos anos os velejadores lusos foram aperfeiçoando a sua técnica, e os títulos internacionais - muitos, diga-se de passagem - foram chegando com naturalidade. O primeiro grande momento da vela lusitana já aqui foi evocado numa outra visita ao passado, quando no verão de 1948 os irmãos Bello (Duarte e Fernando) trouxeram a primeira medalha de prata olímpica para o nosso país. E curiosamente voltaria a ser uma dupla de irmãos a trazer de novo a prata olímpica para a nação lusitana na sequência de mais uma histórica aventura no maior evento desportivo do planeta. E é precisamente esse importante capítulo da história desportiva portuguesa que hoje vamos recordar. Mas para isso há primeiro que apresentar os heróis desta aventura lusa, os irmãos Quina, Mário e José Manuel.
Nasceram ambos no Estoril, sendo que José Manuel é mais novo 5 anos do que Mário - o primeiro nasceu em outubro de 1935, ao passo que o segundo viu a luz do dia em janeiro de 1930 - tendo iniciado a sua carreira de velejadores no Clube Naval de Cascais.
O mais velho dos Quina fez a sua primeira aparição olímpica em 1952, em Helsínquia, 4 anos depois dos irmãos Bello terem conquistado a prata em Londres. Na capital finlandesa Mário Quina (que foi 17º na classe finn) assistiu a mais um momento dourado, ou melhor, um momento de bronze, da vela portuguesa, na sequência do terceiro lugar alcançado por Joaquim Fiúza e Francisco Rebelo na classe star. E seria já na companhia do seu irmão José Manuel que Mário Quina voltou a marcar presença nos Jogos, desta feita em Roma, em 1960, onde ambos atingiriam o seu momento de glória.
Na baía de Nápoles - local onde decorreram as provas náuticas das Olimpíadas de 60 -, e tripulando um barco denominado de Má Lindo, os irmãos Quina igualaram o feito conquistado 12 anos antes pelos também irmãos Bello, ou seja, trouxeram para casa a medalha de prata, na sequência de um épico segundo lugar na classe star, sendo apenas batidos pelos soviéticos Timir Pinegin e Fyodor Shutkov. Mais de meio século depois Mário Quina recordou esse feito após uma homenagem da Associação de Atletas Olímpicos, levada a cabo em 2011: «Nós estávamos bem equipados, mas uma regata destas é sempre muito imprevisível. Nós mantivemos quase todo o tempo um andamento muito razoável. O russo fez um percurso completamente diferente de toda a gente e foi quem ganhou».
Inolvidável é igualmente o momento em que subiram ao pódio, para receber a rodela de prata. «A cerimónia da medalha de prata foi muito emocionante, um momento único da vida, que me marcou muito. Quando chegou a altura de chamarem por nós para o pódio sentimos um arrepio cá dentro como nunca sentíramos na nossa vida. A bandeira portuguesa foi arreada preguiçosamente, para momentos depois, ao som da marcha de continência, subir de novo para ficar a tremular, altaneira, mais bonita que nunca! Ao mesmo tempo chegou às nossas mãos aquela rodela de prata que tem para nós o valor de todos os diamantes do Mundo».
Os irmãos Quina (na imagem) voltaram aos Jogos 8 e 12 anos depois, respetivamente na Cidade do México (1968) e em Munique (1972), onde não lograram alcançar o final feliz de Roma. Mário Quina, que profissionalmente se tornaria num reputado médico especializado em gastreterologia, recorda que no México «usámos o mesmo barco que navegámos em Itália, mas a nossa prestação não foi tão boa. Já em Munique disputei as regatas na classe dragão (ao passo que o seu irmão competiu em finn), mas a falta de velas boas, especialmente a vela balão, comprometeu a nossa performance».
Aparte das façanhas olímpicas os irmãos Quina guardam no seu baú de recordações vários e importantes resultados internacionais, sendo que Mário foi medalha de bronze no Campeonato da Europa de 1965, tendo ainda obtido dois 5ºs lugares, na classe star, em Campeonatos do Mundo (1953 e 1959). Já José Manuel alcançou, também na classe star, dois 4ºs lugares em Campeonatos da Europa (1957 e 1967).
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