No berço (Atenas) dos Jogos Olímpicos, Portugal conquistou em 2004 três medalhas. Em termos mais precisos, a delegação lusa presente na capital grega arrecadou duas medalhas de prata (por intermédio de Francis Obikwelu – no atletismo – e de Sérgio Paulinho– no ciclismo) e uma de bronze. É esta última que hoje iremos recordar em breves linhas e que foi conquistada por um dos melhores atletas da sua geração, Rui Silva. Nascido em Santarém a 3 de agosto de 1977, o corredor teve a sua estreia olímpica em Sydney, no ano 2000, onde não foi muito feliz a julgar pelo modesto 13.º e penúltimo lugar na prova dos 1500m em atletismo. Este resultado aquém do esperado não esmoreceu o atleta, que um ano depois se sagrava campeão do Mundo nos 1500m em pista coberta, numa competição realizada em Lisboa. Porém, o azar perseguiu o atleta nos anos seguintes, e antes de Atenas teve uma hérnia inguinal que lhe trouxe muitos problemas na preparação para os Jogos, pelo que o objetivo de uma medalha poderia passar por ser encarado de forma excessivamente otimista. No entanto, Rui Silva partiu para os Jogos de 2004 disposto a fazer um pouco melhor do que em Sydney, e a crença, e acima do tudo, o esforço em atingir essa meta ficaram bem patentes nas primeiras eliminatórias e na meia final dos 1500m, em que o atleta conseguiu gerir da melhor maneira o esforço e a sua condição física e dessa forma atingir a final. E no momento decisivo da prova dos 1500m o português fez uma prova espetacular. Estrategicamente começou a corrida ocupando os últimos lugares. Esperou pela última volta para atacar com toda a sua força, arrancando de forma fulgurante no ataque aos lugares da frente, passando pelo espanhol Reyes Estevez e por vários atletas africanos que à partida eram tidos como favoritos à conquista das medalhas. Da legião africana presente nesta final apenas o queniano Bernard Lagat e o marroquino Hicham El Guerrouj não se deixaram ultrapassar por Rui Silva. Os últimos 400m da corrida foram assombrosos para o luso, que acabaria por cortar a meta em 3.º lugar com um tempo de 3:34.18. O queniano Bernard Lagat terminou em segundo lugar com um registo de 3:34.30, ao passo que a medalha de ouro seria conquistada pelo marroquino El Guerrouj, com a marca de 3:34,19. Mas o foco da nação portuguesa estava, naturalmente, em Rui Silva, que conquistava a medalha de bronze, naquele que foi um dos pontos mais altos da sua laureada carreira, onde figuram, por exemplo, as medalhas de ouro dos 1500m nos campeonatos europeus de pista coberta em 1998 (Valência), 2002 (Viena) e Turim (2009).
terça-feira, 30 de julho de 2024
segunda-feira, 29 de julho de 2024
Memórias da campeã olímpica Fernanda Ribeiro em exposição
No
dia em que tiveram início os Jogos Olímpicos de Paris, 26 de julho, um espaço
comercial localizado na Maia inaugurou uma exposição sobre a Fernanda Ribeiro, uma
das atletas mais mealhadas da história do desporto em Portugal, e que nas
Olimpíadas de 1996 conquistou uma medalha de ouro para o nosso país. Na mostra pudemos
ver alguns objetos pessoais da coleção particular de Fernanda Ribeiro, como por
exemplo, o equipamento (camisola, calção e sapatilhas) com que venceu a medalha
de ouro olímpica em 1996; o dorsal 3643 que a atleta usou nessa epopeia em Atlanta; um pedaço da pista de tartan do Estádio Olímpico de Atlanta; os fatos
de treinos usados nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, onde conquistou a sua
segunda medalha olímpica, no caso, a de bronze; e algumas das mais importantes
medalhas conquistadas ao longo da sua carreira, desde logo , o bronze olímpico
de Sydney. A exposição contava ainda com vários painéis ilustrados com capas e
notícias publicadas em jornais com alguns dos principais feitos nacionais e
internacionais da atleta nascida em Penafiel. Uma simples, pequena, mas deveras
interessante exposição desta lendária campeã olímpica lusa.
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Um salto dourado para a glória olímpica
sexta-feira, 19 de julho de 2024
A prata olímpica conquistada para Portugal pela filha do Velho Lau
terça-feira, 2 de julho de 2024
O FC Porto de Vítor Hugo eclipsou o poderoso Sporting de Livramento na primeira final internacional 100% portuguesa
Livramento passa o trono a Vítor Hugo
Puro engano. Três minutos volvidos começou o recital portista, com Vítor Hugo a assumir o papel de maestro. O número 4 do FC Porto fez o empate, a partir dali a turma da casa contrariando as expectativas iniciais – que davam favoritismo aos lisboetas – partiu para uma exibição de gala, arrebatadora, expressa em números volumosos: 13-4 a favor dos azuis e brancos. Nem o recém-eleito presidente portista, Jorge Nuno Pinto da Costa, esperava um score tão dilatado antes da partida, ele que antesda sticada inicial vaticinou que o seu clube iria vencer por 3 golos de diferença. Olarilolé, quais 3 golos de diferença? Foram 9 e podiam ter sido mais, visto que o Sporting não mostrou talento, imaginação, força física, velocidade e frieza nos poucos lances perigosos que construiu, segundo a análise do jornalista da Gazeta que presenciou o encontro, Eugénio Queirós. «A verdade, verdadinha, é que os campeões nacionais e detentores da taça (das taças) tiveram um adversário que não contavam (?) à partida. Esse puto, ou antes, esse senhor, foi Vítor Hugo», escrevia o jornalista para apresentar a grande estrela deste encontro da 1.ª mão da final, precisamente Vítor Hugo, que só à sua conta apontou 7 dos 13 golos portistas, tendo os outros sido da autoria de Alves, Vale (3), e Vítor Bruno (2). O FC Porto na primeira metade deixou algum espaço de manobra aos leões, contra-atacando com uma rapidez estonteante, o que fez com que os golos fossem surgindo em catadupa, como comprova o resultado ao intervalo: 8-2. Na segunda parte os portistas mudaram a tática, isto é, passaram do contra-ataque ao ataque, apontando mais 5 tentos e eclipsando completamente as estrelas do Sporting, que eram na altura também alguns dos mais notáveis hoquistas portugueses, casos do guarda-redes Ramalhete (que teve uma noite para esquecer), de Chana (que de acordo com as palavras do jornalista de serviço, nem sei viu), ou de Sobrinho (que foi o menos mau dos lisboetas). A vitória não sofreu qualquer tipo de contestação, sendo que no final, o técnico António Livramento comarcaria por dizer que o «hóquei é um jogo de surpresas, onde tudo pode acontecer. Hoje o FC Porto esteve inspirado e nós tivemos uma noite infeliz. Com certeza que nem os próprios portistas pensavam alcançar tão alargado resultado. Aconteceu. Agora iremos tentar recuperar em Alvalade. Lá, senão conseguirmos a recuperação, terei a certeza de que, como aqui, perdemos de cabeça erguida», disse o lendário ex-jogador. E o trono deixado vago precisamente por Livramento enquanto melhor jogador português – e do Mundo, porque não? – estava prestes a ser ocupado por um jovem chamado Vítor Hugo, o tal número 4 portista que neste primeiro jogo abateu quase sozinho os poderosos leões. Questionado se o talentoso hoquista portista poderia ser o seu substituto enquanto estrela do hóquei, Livramento respondeu que de facto o atleta do FC Porto era «um jogador cheio de vontade e arte, eu conheço-o muito bem. Ele poderá vir a ser uma peça importante no nosso hóquei patinado». Quem teve uma noite horrível foi o titular da baliza do Sporting e da seleção nacional, António Ramalhete, que assumiu as suas culpas neste inesperado e avolumado resultado. «Penso que errei em alguns lances, pois encontro-me longe da minha melhor forma. Mas o último a falhar é sempre o mais notado. Um guarda-redes de hóquei em patins quando se coloca entre os postes não sabe se vai sofrer um, dois, ou dez golos. É imprevisível», disse, enquanto que também Chana lamentava a pesada derrota, ao mesmo tempo que mostrava esperança em mostrar uma outra cara em Alvalade no encontro da segunda mão: «Hoje o Sporting foi manifestamente infeliz e tudo lhe correu mal. Paciência. Em Alvalade iremos tentar retificar a imagem hoje criada». Do lado dos vencedores vivia-se, naturalmente, um clima de alegria. O treinador portista, João de Brito, colocava um travão na euforia, dizendo que «o resultado não vai afetar a minha equipa e vou avisar os jogadores para não embandeirarem em arco, porque a eliminatória ainda não está ganha». A estrela da noite foi, como já vimos, Vítor Hugo, que à reportagem da Gazeta dos Desportos disse que aquele tinha sido um bom jogo e uma não menos boa vitória. 1982 tinha sido igualmente ano de Campeonato do Mundo, desta feita realizado em Barcelos, tendo o hoquista do FC Porto estado ausente da convocatória do selecionador nacional… António Livramento. No sentido de perceber se esta exibição havia sido digamos que um grito de revolta para com Livramento – quer acumulava também as funções de treinador do Sporting –, Vítor Hugo logo tratou de desmistificar essa ideia, referindo que em Barcelos a seleção não precisou dele, «e a prova é que se sagraram campeões do Mundo».
Ao Sporting não chegou sonhar...
A segunda mão desta final realizou-se na Nave de Alvalade, onde o Sporting tinha uma missão quase impossível de reverter, como se viria a confirmar. Porém, os leões apresentaram uma outra atitude, tendo protagonizado um jogo que foi escaldante, equilibrado, mas com uma «previsível vitória global dos portistas», assim começou por escrever o jornalista da Gazeta encarregue de contar as incidências do encontro, José Carlos Freitas. O Sporting entrou de rompante no rinque, mas seria o FC Porto a gelar os cerca de 3000 espectadores presentes na Nave de Alvalade, quando correu desde a sua área até à baliza leonina ao longo de 15 metres para desferir um remate que seria desviado com êxito por Alves. O Sporting reagiu, deu a volta ao marcador, com golos de Trindade e Sobrinho, mas antes do intervalo os portistas assumiram o comando do jogo, e Vítor Hugo, Vítor Bruno (em duas ocasiões) e Vale bateram com êxito o guardião Ramalhete, dilatando assim ainda mais a folgada vantagem que traziam da primeira mão. Antes do descanso, Chana encurtou distâncias no marcador, mas a contenda estava mais do que a feição dos portistas que «aproveitando-se do balanceamento ofensivo do Sporting e da sua falta de rapidez, souberam aproveitar da melhor forma o contra-ataque, ao mesmo tempo que, quando de posse de bola, conseguiram enervar os adversários com constantes trocas de bola», assim analisou a primeira metade o jornalista José Carlos Freitas.