Na condição de campeão da 1.ª edição da Taça das Taças, o Oeiras garantiu a presença na temporada de 77/78 da então segunda competição de clubes do hóquei patinado europeu. Portugal, aliás, teve forte presença nesta edição da prova, já que além dos campeões em título, também o Carvalhos assinalava a sua estreia internacional. Para defender o cetro, o Oeiras manteve o núcleo duro da época anterior, e foi sem grandes dificuldades que começou por afastar os frágeis belgas do Rolta Louvain nos quartos-de-final. A primeira mão da eliminatória teve lugar em solo belga, onde Carvalho vestiu a pele de herói ao apontar os quatro golos com que a turma portuguesa bateu no início do mês de maio de 1978 o conjunto local por 4-2. A segunda mão, realizada no rinque da Salesiana foi um festival de golos a favor dos portugueses, tendo, mais uma vez, Carvalho estado em grande destaque, já que do seu stique saíram quatro dos 12 golos apontados pelo conjunto lusitano. Contas feitas, o Oeiras passava às meias-finais com um agregado de 16-5. E tal como na temporada de estreia da Taça das Taças, quis o destino que o conjunto sulista defrontasse no acesso à final uma equipa italiana, desta feita o Follonica. A primeira mão, realizada em Itália na primeira metade de junho, não correu de feição aos campeões em título, tendo estes perdido por 3-1. Exigia-se, pois, um super Oeiras na segunda mão, ocorrida no dia de S. João (24 de junho). E assim foi. Naquela noite, o conjunto da “Linha” não esteve com meias medidas e despachou os transalpinos por expressivos 12-1, salvando não só a “Honra do Convento” do hóquei luso (já que Carvalhos e Valongo haviam caído, respetivamente, na Taça das Taças e na Taça dos Campeões Europeus), mas acima de tudo, assegurando nova presença numa final europeia. Mas tal como na época de estreia, o Oeiras teve de suar a camisola para ser mais feliz que o seu adversário, que por sua vez exibiram em Portugal um hóquei muito violento, como dava conta a reportagem do Diário de Lisboa (DL). Salvadoni agrediu de forma violenta o oeirense Vítor Rosado, tendo o jogador luso saído do rinque amparado pelos seus colegas de equipa. «O Follonica deixou o pior cartaz possível. Para combaterem num rinque de boxe talvez estejam bem adestrados, mas a jogarem hóquei patinado estes italianos são do mais fraquinho que já desembarcou em Portugal», assim analisava o DL. E deste modo, o Oeiras, a praticar um hóquei muito superior, respondeu à violência transalpina com muitos golos, tendo Carvalho assumido a dianteira na hora de acertar nas redes do guardião Anedda ao apontar cinco tentos.
E no dia 1 de julho de 1978 o Oeiras recebia os espanhóis do Voltregà, na primeira mão da final da Taça das Taças. A turma lusa conquistou então uma vitória magra (3-2) muito por culpa própria, já que após um estupendo arranque, traduzido numa vantagem de três golos, os portugueses abrandaram o ritmo de jogo, postura que os espanhóis agradeceram para encurtar a desvantagem e adiar a decisão da final para a segunda mão. «Um afrouxamento de pressão, fruto (talvez) de má conceção tática, privou a Associação Desportiva de Oeiras de viajar até Espanha com uma confortável vantagem para a decisão na Taça das Taças. (…) Depois de ter atingido o 3-0, o “cinco” oeirense deixou o parceiro recompor-se e lograr dois tentos», escrevia o DL por intermédio do histórico jornalista Fernando José Neves de Sousa, acrescentando mais adiante que as substituições operadas em nada beneficiaram a capacidade da equipa lusa, que no primeiro tempo fez da velocidade a arma para derrubar a muralha espanhola, que por sua vez, na segunda metade, aproveitou então a extrema suavidade dos portugueses. Salema, Carvalho e José Rosado foram os autores dos golos dos rapazes da “Linha” neste encontro.
Sensivelmente quinze dias mais tarde, no dia 15 de julho, uma exibição de luxo permitiu ao Oeiras alcançar uma «proeza verdadeiramente notável», segundo o DL, que assim descrevia o empate a três golos entre o conjunto luso e o seu congénere espanhol que desta forma assegurava a manutenção da Taça das Taças nas vitrinas do emblema da “Linha”. «Triunfando em Oeiras na primeira mão por diferença tangencial, os portugueses (de cabeça fria e esquema tático muito bem ordenado por Ernesto Honório) lograram um êxito que merece os mais sinceros aplausos e culminou uma jornada desportiva sem a mais leve mácula», escreveu o DL. Carvalho, com dois golos na conta pessoal; e José Rosado foram os autores dos tentos portugueses.
(continua)
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