Mais de meio século depois de ter vivido o seu momento de glória no plano internacional - com a presença nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsínquia, facto este já aqui recordado numa anterior visita ao passado - o pólo aquático português voltou já no novo milénio a figurar no cartaz oficial de uma competição de alto gabarito além fronteiras. Facto ocorrido em meados de 2004, altura em que a seleção portuguesa de seniores masculinos marcou presença em Istambul (Turquia) para participar no Campeonato da Europa "B" de pólo aquático, uma espécie de segundo escalão, a nível europeu, desta modalidade.
Pela razão de que esta foi a primeira presença lusa numa prova deste calibre a própria qualificação para a mesma constituiu desde logo uma das páginas mais brilhantes escritas pelo selecionado principal no nosso país. Fase de qualificação essa que decorreu curiosamente em solo português, mais concretamente em Rio Maior, sendo que ao lado de Portugal apareciam os combinados da Suíça, Moldávia, e República da Irlanda na luta por um dos três mágicos lugares que garantiam o passaporte para a Turquia.
Teoricamente a luta - renhida - pelo terceiro e último lugar de apuramento iria ser protagonizada por portugueses e irlandeses, até porque os moldavos eram claramente de outro campeonato - muito superior -, e assim sendo praticamente insuperáveis, ao passo que os suíços surgiam no patamar imediatamente abaixo do conjunto de leste, pelo que o segundo lugar não lhes deveria fugir. Com toda este panorama o Portugal - República da Irlanda da jornada inaugural da fase de qualificação assumia contornos de uma autêntica final. E assim foi.
Orientados tecnicamente por um dos nomes mais sonantes da história do pólo aquático português, Nuno Lobo, Portugal entrou na competição com um misto de convicção e de... nervosismo. O salgueirista Rui Moreira, um dos melhores intérpretes da modalidade da história, em termos nacionais, claro está, falhou logo nos minutos iniciais uma grande penalidade, aumentando assim os nervos entre o selecionado luso. A partida arrastava-se de uma forma equilibrada, de vencedor incerto, até ao momento em que apareceu o inspirado Hugo Florêncio - jogador do Amadora -, que com dois golos num curto espaço de tempo colocou Portugal em vantagem no marcador, vantagem essa que seria segurada até final, com muita garra, há que dizê-lo. 7-4, histórico resultado final, que praticamente colocava os portugueses no Europeu, até porque era impensável que a frágil Irlanda levasse de vencida quer a Suíça, quer a Moldávia.
Nas 2ª e 3ª jornadas desta fase a teoria confirmou a prática, ou seja, Portugal perdeu ante a Moldávia (2-5) e a Suíça (11-14), últimas duas seleções estas que derrotariam igualmente sem grandes dificuldades a República da Irlanda, e assim sendo a seleção nacional lusa fazia história, a fase final do Campeonato da Europa "B" era uma realidade.
Para a história ficam aqui os nomes dos conquistadores de um feito que na altura passou... completamente despercebido à nação lusitana! Nuno Lobo (selecionador nacional), Nuno Paz (Diretor Técnico), Tiago Costa, Rui Nuno (ambos guarda-redes), Ricardo Vieira, Gonçalo Abrunhosa, Jorge Coelho, Jaime Milheiro, Rui Coelho, Hugo Florêncio, António Grácio, Gilberto Lobo, Rui Moreira, Paulo Russo, Nuno Portela, e Carlos Azevedo.
Inexperiência ditou leis
Entre 3 a 11 de setembro Istambul recebeu então a fase final do certame continental, que pela primeira vez contava com Portugal. País que olha o pólo aquático de uma maneira algo... desinteressada, há que dizê-lo, e como tal há que sublinhar que o feito deste grupo de entusiastas praticantes da modalidade foi verdadeiramente heróico!
Claramente num nível - muito - abaixo de seleções como a França, Bielorrússia, Ucrânia, ou Moldávia, a seleção lusa - cujos atletas eram semi-profissionais - partia para Istambul com a intenção de aprender algo com jogadores de outro nível, jogadores profissionais que vivem e respiram o pólo aquático diariamente, e não como os lusitanos que se apresentavam nesta fase final com quase nenhumas sessões/estágios de preparação (!), face à sua condição de atletas não profissionais.
Portugal foi integrado no Grupo B do torneio, juntamente com Dinamarca, Malta, Polónia, Israel, e a turma da casa, a Turquia. No primeiro encontro, ante os polacos, logo se percebeu que os portugueses iriam ter muitas dificuldades para escapar ao último lugar da competição, conforme traduz a pesada goleada de 1-12 imposta pelo conjunto de leste. Rui Coelho apontou o tento de honra lusitano.
Na ronda seguinte foi a vez da forte seleção de Malta provar a inexperiência portuguesa nestas andanças, ao vencer os selecionados de Nuno Lobo por concludentes 14-4. Portugueses que acusavam nervosismo face a atletas experientes e bem treinados, e Dinamarca e Israel também não sentiram - grandes - dificuldades em vencer a armada lusa. Ante a seleção da casa Portugal deu finalmente um ar de sua graça, e mesmo perdendo a contenda por expressivos 4-12 mostrou qualidade, mostrando que a sua presença entre alguns dos tubarões do pólo aquático europeu não havia sido mera obra do acaso.
Na fase cruzada entre os grupos A e B, para apurar a classificação final, Portugal lutava para fugir ao último lugar. Uma luta onde a sorte abandonou a equipa nacional, em especial no jogo ante a Bélgica, com quem os portugueses empatavam a quatro golos a poucos minutos do final, dispondo de uma oportunidade flagrante para passar para a frente do marcador, mas... mais uma vez o nervosismo e inexperiência ditaram leis, e os belgas acabariam por vencer por 7-4. O derradeiro jogo foi com a Suíça, e uma derrota vendida de forma muito cara por uns curtos 4-5 ditou que Portugal terminasse esta aventura no último lugar de uma competição que seria ganha pela poderosa França.
No entanto esta foi uma experiência memorável para nomes como Nuno Lobo (selecionador), Jorge Martins (treinador), Nuno Paz (Diretor Técnico), Rui Nuno, Tiago Costa, Paulo Russo, Jorge Coelho, Nuno Portela, Rui Moreira, Rui Coelho, Jaime Milheiro, Hugo Florêncio, Ricardo Vieira, Gonçalo Abrunhosa, Carlos Azevedo, e Gilberto Lobo.
Legenda das fotografias:
1-O histórico selecionado português que em Rio Maior conquistou a qualificação para o Europeu "B"
2-Nuno Lobo, histórico jogador/treinador que comandou os lusitanos nesta aventura
Pela razão de que esta foi a primeira presença lusa numa prova deste calibre a própria qualificação para a mesma constituiu desde logo uma das páginas mais brilhantes escritas pelo selecionado principal no nosso país. Fase de qualificação essa que decorreu curiosamente em solo português, mais concretamente em Rio Maior, sendo que ao lado de Portugal apareciam os combinados da Suíça, Moldávia, e República da Irlanda na luta por um dos três mágicos lugares que garantiam o passaporte para a Turquia.
Teoricamente a luta - renhida - pelo terceiro e último lugar de apuramento iria ser protagonizada por portugueses e irlandeses, até porque os moldavos eram claramente de outro campeonato - muito superior -, e assim sendo praticamente insuperáveis, ao passo que os suíços surgiam no patamar imediatamente abaixo do conjunto de leste, pelo que o segundo lugar não lhes deveria fugir. Com toda este panorama o Portugal - República da Irlanda da jornada inaugural da fase de qualificação assumia contornos de uma autêntica final. E assim foi.
Orientados tecnicamente por um dos nomes mais sonantes da história do pólo aquático português, Nuno Lobo, Portugal entrou na competição com um misto de convicção e de... nervosismo. O salgueirista Rui Moreira, um dos melhores intérpretes da modalidade da história, em termos nacionais, claro está, falhou logo nos minutos iniciais uma grande penalidade, aumentando assim os nervos entre o selecionado luso. A partida arrastava-se de uma forma equilibrada, de vencedor incerto, até ao momento em que apareceu o inspirado Hugo Florêncio - jogador do Amadora -, que com dois golos num curto espaço de tempo colocou Portugal em vantagem no marcador, vantagem essa que seria segurada até final, com muita garra, há que dizê-lo. 7-4, histórico resultado final, que praticamente colocava os portugueses no Europeu, até porque era impensável que a frágil Irlanda levasse de vencida quer a Suíça, quer a Moldávia.
Nas 2ª e 3ª jornadas desta fase a teoria confirmou a prática, ou seja, Portugal perdeu ante a Moldávia (2-5) e a Suíça (11-14), últimas duas seleções estas que derrotariam igualmente sem grandes dificuldades a República da Irlanda, e assim sendo a seleção nacional lusa fazia história, a fase final do Campeonato da Europa "B" era uma realidade.
Para a história ficam aqui os nomes dos conquistadores de um feito que na altura passou... completamente despercebido à nação lusitana! Nuno Lobo (selecionador nacional), Nuno Paz (Diretor Técnico), Tiago Costa, Rui Nuno (ambos guarda-redes), Ricardo Vieira, Gonçalo Abrunhosa, Jorge Coelho, Jaime Milheiro, Rui Coelho, Hugo Florêncio, António Grácio, Gilberto Lobo, Rui Moreira, Paulo Russo, Nuno Portela, e Carlos Azevedo.
Inexperiência ditou leis
Entre 3 a 11 de setembro Istambul recebeu então a fase final do certame continental, que pela primeira vez contava com Portugal. País que olha o pólo aquático de uma maneira algo... desinteressada, há que dizê-lo, e como tal há que sublinhar que o feito deste grupo de entusiastas praticantes da modalidade foi verdadeiramente heróico!
Claramente num nível - muito - abaixo de seleções como a França, Bielorrússia, Ucrânia, ou Moldávia, a seleção lusa - cujos atletas eram semi-profissionais - partia para Istambul com a intenção de aprender algo com jogadores de outro nível, jogadores profissionais que vivem e respiram o pólo aquático diariamente, e não como os lusitanos que se apresentavam nesta fase final com quase nenhumas sessões/estágios de preparação (!), face à sua condição de atletas não profissionais.
Portugal foi integrado no Grupo B do torneio, juntamente com Dinamarca, Malta, Polónia, Israel, e a turma da casa, a Turquia. No primeiro encontro, ante os polacos, logo se percebeu que os portugueses iriam ter muitas dificuldades para escapar ao último lugar da competição, conforme traduz a pesada goleada de 1-12 imposta pelo conjunto de leste. Rui Coelho apontou o tento de honra lusitano.
Na ronda seguinte foi a vez da forte seleção de Malta provar a inexperiência portuguesa nestas andanças, ao vencer os selecionados de Nuno Lobo por concludentes 14-4. Portugueses que acusavam nervosismo face a atletas experientes e bem treinados, e Dinamarca e Israel também não sentiram - grandes - dificuldades em vencer a armada lusa. Ante a seleção da casa Portugal deu finalmente um ar de sua graça, e mesmo perdendo a contenda por expressivos 4-12 mostrou qualidade, mostrando que a sua presença entre alguns dos tubarões do pólo aquático europeu não havia sido mera obra do acaso.
Na fase cruzada entre os grupos A e B, para apurar a classificação final, Portugal lutava para fugir ao último lugar. Uma luta onde a sorte abandonou a equipa nacional, em especial no jogo ante a Bélgica, com quem os portugueses empatavam a quatro golos a poucos minutos do final, dispondo de uma oportunidade flagrante para passar para a frente do marcador, mas... mais uma vez o nervosismo e inexperiência ditaram leis, e os belgas acabariam por vencer por 7-4. O derradeiro jogo foi com a Suíça, e uma derrota vendida de forma muito cara por uns curtos 4-5 ditou que Portugal terminasse esta aventura no último lugar de uma competição que seria ganha pela poderosa França.
No entanto esta foi uma experiência memorável para nomes como Nuno Lobo (selecionador), Jorge Martins (treinador), Nuno Paz (Diretor Técnico), Rui Nuno, Tiago Costa, Paulo Russo, Jorge Coelho, Nuno Portela, Rui Moreira, Rui Coelho, Jaime Milheiro, Hugo Florêncio, Ricardo Vieira, Gonçalo Abrunhosa, Carlos Azevedo, e Gilberto Lobo.
Legenda das fotografias:
1-O histórico selecionado português que em Rio Maior conquistou a qualificação para o Europeu "B"
2-Nuno Lobo, histórico jogador/treinador que comandou os lusitanos nesta aventura
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