Jorge Fonseca (Judo): Estamos perante um
atleta cuja ascensão ao patamar dos Deuses do Desporto envolveu um misto de
superação, coragem, sacrifício e ambição. A sua história é digna de um filme,
um filme onde muitas lágrimas foram vertidas mas onde tudo acabou bem. Em
glória, melhor dizendo.
Mas
esta é uma história que ainda está a ser escrita por um homem em quem o judo
português deposita muitas esperanças para o futuro imediato. O seu nome é Jorge
Fonseca, e apresenta como cartão de
visita o facto de ser o único homem que até aos dias de hoje deu à nação
luso uma coroa mundial, o mesmo será
dizer um título de campeão do Mundo de judo.
Jorge
Ivayr Rodrigues da Fonseca nasceu a 30 de outubro de 1992, em S. Tomé e
Príncipe e com 11 anos veio para Portugal. Deixou-se encantar pelo judo numa escola
da Damaia, assistindo aos combates de Pedro Soares, que mais tarde seria seu
treinador no Sporting. O bichinho
pegou e Jorge deu início a um percurso árduo para ser o judoca de excelência
que viria a tornar-se anos mais tarde.
2013
é o seu primeiro ano de glória, já que além da conquista do título nacional de
sub-23 torna-se no primeiro judoca masculino português a sagrar-se campeão da
Europa deste mesmo escalão. Mas a alegria trazida pela glória no tatami daria lugar dois anos depois à
dor provocada pela doença. Em 2015 é diagnosticado a Jorge Fonseca um tumor
numa das pernas. Contrariamente ao que muitos atletas fariam, Jorge não baixou
os braços, enfrentou o combate mais difícil da sua vida e... saiu vencedor.
Venceu o cancro. Durante a doença fez uma vida normal, treinou sempre com o
objetivo de chegar mais longe na sua modalidade. Essa perseverança levou-o ao
patamar mais almejado por qualquer atleta deste planeta, os Jogos Olímpicos. Em
2016, no Rio de Janeiro, Jorge Fonseca integrou a comitiva lusa nas primeiras Olimpíadas
realizadas na América do Sul, tendo caído na segunda eliminatória da categoria
-100 kg ante o checo e futuro campeão olímpico Lukáš Krpálek.
A
bonança iria chegar três anos depois, quando o judoca luso atingiu o ponto mais
alto (até agora) da sua carreira. Em Tóquio ele trouxe para Portugal o primeiro
título mundial na categoria de -100 kg, após vencer o russo Niyaz Ilyasov na
final e depois de ter ultrapassado diversos pesos
pesados na corrida ao ouro, como o azeri Elmar Gasimov, o georgiano
Liparteliani, o chileno Briceno, o indiano Avtar Singh e o irlandês Benjamin
Fletcher.
«Senti-me
o melhor judoca do mundo, trabalhei imenso para isto e é um momento muito
grande na minha vida. [Ouvir o hino] é uma situação incrível, nunca o tinha
ouvido em campeonatos do mundo. Espero voltar a ouvir muitas vezes», disse
então à imprensa o judoca português após a conquista da primeira medalha de
ouro para Portugal em Mundiais.
2019
foi mesmo um ano memorável para Fonseca, já que além do até então inédito
título mundial arrecadou a medalha de prata nos Jogos Europeus disputados em
Minsk. Na final (mista) a equipa lusa - composta por Bárbara Timo, Anri
Egutidze, Rochele Nunes, Jorge Fonseca, Telma Monteiro e Jorge Fernandes -
perdeu com a Rússia e ficou com a prata.
Também
ao nível de clubes a estrela de Jorge Fonseca tem brilhado bem alto além
fronteiras. Com o símbolo do Sporting Clube de Portugal ao peito o judoca é
atualmente bi-campeão europeu, tendo o primeiro ceptro continental surgido em
2018, ano em que os leões - treinados
pelo ex-judoca Pedro Soares - derrotaram numa final disputada em Bucareste a
equipa russa do Yawara-Neva. Um ano mais tarde, e a atuar em casa, mais
concretamente em Odivelas, o Sporting vence pelo segundo ano consecutivo o
título europeu, ao voltar a derrotar os russos do Yawara Neva, por 3-2, numa
reedição da final do ano anterior. Já em 2020 o infortúnio voltou a bater à
porta de Jorge Fonseca, com o atleta a testar positivo à Covid-19. E mais uma
vez, tal como na luta contra o cancro, o judoca voltou a vencer, superando com
determinação a doença.
Vídeo que mostra a conquista da medalha de ouro por parte de Jorge Fonseca
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