Harlem Globetrotters atuando no Porto ante o Vasco da Gama |
E
quis o destino que Portugal fosse o primeiro país a receber os magos, ou
ilusionistas, se preferirem, do basket planetário.
Estávamos em maio de 1950 quando os melhores basquetebolistas do Mundo
aterraram no nosso país para aqui iniciarem uma digressão que iria durar até
1962! Estava assim colocada em marcha a ideia do inglês Abe Saperstein, o
proprietário dos Harlem Globetrotters, que quis conquistar o mercado europeu
através desta equipa que nasceu oficialmente em Chicago no ano de 1927, e que
tinha como característica distintiva o facto de ser composta exclusivamente por
jogadores negros excluídos das ligas profissionais. Nesta altura a fama dos
jogadores afro-americanos que exibiam os seus dotes de basquetebolistas nos playgrounds - quadras de rua - norte-americanos,
sobretudo na região de Nova Iorque, era enorme, sendo ali criado um festival de
verão organizado pelo bairro negro de Harlem, que se viria a tornar extremamente
popular em todo o país com o passar dos anos. Nesse sentido, Abe Saperstein
escolheu esse nome para a sua equipa, para indicar claramente que se tratava de
um conjunto formado por atletas negros, e que seriam uma espécie de globetrotters, isto é, que jogariam por
todo o território dos Estados Unidos da América, o berço do basquetebol.
Durante suas viagens, os Harlem Globetrotters demonstraram sistematicamente a sua
superioridade sobre os conjuntos compostos por atletas brancos, sendo que a
título de exemplo, em 1948 e 1949, venceram por duas ocasiões os Minneapolis
Lakers, que eram nada mais nada menos do que os campeões da mais famosa liga de
basquetebol do Mundo, a National
Basketball Association (NBA).
A
presença dos mágicos do basket
norte-americano mereceu, como é óbvio, redobradas atenções por parte da imprensa
nacional, em especial da desportiva, que escreveu algumas páginas sobre esta
(hoje) histórica visita. Para muitos parecia um sonho, como escreveu o
jornalista Rodrigues Teles, na revista Stadium.
O sonho de ver os melhores basquetebolistas do Mundo a atuar no nosso país, um
sonho que na verdade se viria a tornar em realidade. «Os americanos do basquetebol, os americanos brancos e os americanos
pretos, que nos maravilharam através de uma curiosa exibição cinematográfica,
apresentaram-se entre nós, "carne e osso", e demonstraram-nos que
todas as suas fantasias são deste Mundo, que não há o mínimo exagero no que
vimos no "ecran". Foram tudo - e mais alguma coisa ainda. Talvez o
verdadeiro amador do basquetebol puro, embora gostando muitíssimo do malabarismo
e da arte americana, achasse que o espectáculo "era mais de circo".
Talvez. Quanto a nós, porém, o eapectáculo de que foram especiais comparsas os
negros dos Harlem Globe Trotteres, revelou-nos a excepecional categoria destes
atletas, o apuro extraordinário a que chegaram, a maneira simples como enfeitam
uma jogada - fazendo desporto».
A
vinda dos norte-americanos a Portugal não se restringiu à capital, já que
também o Porto (onde enfrentaram um seleção do norte e o Vasco da Gama) e
Coimbra ficaram deslumbrados com o virtuosismo dos Harlem Globetrotters, que se faziam acompanhar
nesta tourné pela equipa dos All Stars of America.
Os astros norte-americanos em Portugal |
O
jornalista dava ainda conta que a vinda destes astros a Portugal havia resultado de um convite do Sporting, que se
associou ao Vasco da Gama (do Porto) e da Académica de Coimbra para organizar
os jogos/exibições nas três urbes portuguesas.
Tempo
houve ainda para Rodrigues Teles trocar algumas palavras com os malabaristas do
basquetebol, como lhes chamou, no sentido de os conhecer um pouco melhor.
Marques Haines, luso-americano dos Harlem |
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