Considerá-lo
o melhor português de todos os tempos pode ser uma opinião muito subjetiva, mas
olhar para ele como o luso mais bem-sucedido no circo da Fórmula 1 é um facto
inquestionável. A
constatação deste mesmo facto deu-se há precisamente 20 anos no decorrer da
47.ª edição do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. A temporada de 2005 do Grande
Circo ficaria marcada pela estreia do quarto piloto português a competir no
patamar mais alto do automobilismo internacional. Depois de Nicha Cabral, de
Pedro Matos Chaves e de Pedro Lamy, era agora a vez de Tiago Monteiro guiar um
bólide de Fórmula 1. Nascido a 24 de julho de 1976, no Porto, Tiago começou a
competir nas quatro rodas ao volante do Porsche Carrera do seu pai, galgando posteriormente degraus na escadaria do automobilismo
internacional, ao competir na Fórmula 3000, na Fórmula 3, nas 24 horas de Le
Mans, ou na World Series da Nissan. Até que em 2005 chega à Fórmula 1 (F1) pela
mão da escudaria Jordan Toyota onde viria a escrever história não só no
automobilismo nacional como internacional. Comecemos pela histórica e até hoje
inigualável marca nacional. Estávamos a 19 de junho de 2005. Corria-se a 8.ª
prova do Mundial de Fórmula 1 desse ano. O mítico circuito de Indianápolis era
palco do Grande Prémio dos Estados Unidos da América (EUA) e poucos pensariam
que o estreante piloto português pudesse naquele dia entrar na história da modalidade ao
pontuar. Nas corridas anteriores, Tiago Monteiro o melhor que tinha conseguido
fazer foram dois 10.º lugares, nos grandes prémios do Barém e do Canadá. Porém,
uma grande peripécia ensombrou o Grande Prémio (GP) dos EUA e que acabaria por
estar na base para o sucesso do piloto português naquele dia. Na altura, havia
dois fornecedores de pneus, a Michelin e a Bridgestone, sendo que os da
primeira marca não aguentaram a força exercida na sua zona lateral quando
passavam pela parte oval do circuito norte-americano. Este problema deu origem
a inúmeros acidentes durante as sessões de treinos em todas as equipas que usavam pneus
Michelin, nomeadamente a Renault, a BAR Honda, a Williams, a McLaren, a Sauber,
a Red Bull e a Toyota. As várias reuniões entre estas escuderias e a referida
marca de pneus não deram em nada, e seria a própria Michelin a aconselhar as
equipas a não competir no GP por falta de condições de segurança. Conclusão:
apenas seis carros – todos eles equipados com pneus Bridgestone – alinharam no
GP dos EUA em representação das escudarias Ferrari, Jordan e Minardi. 
O que para
muitos foi um verdadeiro escândalo, para outros, como Tiago Monteiro, foi uma
oportunidade de ouro para pontuar e quiçá chegar ao último lugar do pódio. Sim,
porque na teoria os dois primeiros lugares do pódio dificilmente escapariam aos
Ferraris de Michael Schumacher e de Rubens Barrichello. Para além de Tiago
Monteiro, esta caricata corrida foi disputada ainda pelo indiano Narain
Karthikeyan (colega de equipa do piloto luso), pelo holandês Christian Albers e
pelo austríaco Patrick Friesacher, ambos da Minardi. Largando da 17.ª
posição, Tiago Monteiro logo se posicionou atrás de Michael Schumacher, com
Rubens Barrichello na liderança. Com o decorrer da corrida, o alemão trocou de
posição com o seu colega de equipa, acabando por cortar a meta em primeiro,
seguido do piloto brasileiro. Tiago Monteiro manteve até final o 3.º posto, o
que não só lhe garantiu os primeiros pontos na F1 mas acima de tudo um
histórico pódio, algo que nenhum outro português havia conseguido até então.
Recorde-se que Pedro Lamy tinha sido o primeiro piloto português a pontuar num
GP de F1, o que havia acontecido em 1995, no GP da Austrália, em que foi 6.º
classificado. Tiago Monteiro fez mais do que isso, mesmo em circunstâncias
bizarras.

A estrela do português iria brilhar ainda mais nesta temporada, ao
tornar-se no melhor piloto estreante de sempre na F1 com três recordes batidos:
o facto de ter terminado 18 das 19 corridas realizadas, o facto de se ter
tornado no piloto com mais quilómetros percorridos numa só temporada (5521 km),
e o facto de ter triplicado o máximo de seis provas consecutivas terminadas por
um rockie (estreante). Nessa mesma
temporada, Tiago Monteiro iria ainda pontuar em mais uma ocasião, ao concluir o GP da Bélgica no 8.º lugar.
Vídeo: Notícia televisiva do feito de Tiago Monteiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário