Fernando
PEYROTEO (Futebol): Foi um dos primeiros fenómenos do futebol lusitano. Um nome
que ainda é hoje é recordado com saudade pelas poucas pessoas vivas que um dia
tiveram o prazer de ver jogar, em especial os afetos ao Sporting Clube de
Portugal. Vamos falar hoje de Fernando Peyroteo, um dos melhores
avançados-centro portugueses de todos os tempos.
Nasceu
a 10 de março de 1918, em Humpata, Angola (na época colónia portuguesa) e desde
cedo revelaria queda para a bola, em especial para a arte de marcar golos. E
começou a marcá-los, e muitos, diga-se passagem, ao serviço do Sporting Clube
de Luanda. Aos 19 anos chegou a Lisboa, mais precisamente no dia 26 de junho de
1937, sendo que na altura não assinou de imediato contrato com o Sporting Clube
de Portugal, clube que descobriu este talento pelos campos de Angola e que de
imediato tratou de o trazer para os seus quadros. Na época Peyroteo deu apenas
a sua palavra de honra em como jogaria no Sporting sem se quer ter discutido
questões monetárias.
Um
clube do norte, ao que parece o FC Porto, ainda tentou desviar o jovem
Fernando, prometendo-lhe um ordenado mais alto do que aquele que iria ganhar em
Lisboa, mas este trazia indicações claras de que em Portugal o seu clube seria
o emblema do leão, além de que já se havia comprometido verbalmente com os
lisboetas. A sua estreia com a camisola do Sporting daria-se a 12 de outubro de
1937 num torneio disputado no Campo das Salésias, com os leões a defrontarem o
Benfica, jogo que terminaria com a vitória dos primeiros por 5-3, tendo 2
desses 5 golos leoninos sido da autoria de Peyroteo. No seu primeiro ano de
leão ao peito, ajudaria o clube a conquistar um Campeonato de Portugal. Este
foi aliás o único Campeonato de Portugal (a prova que deu origem à Taça de
Portugal) que conquistaria. Em termos de palmarés venceria ainda cinco
Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão e quatro Taças de Portugal. Foi por seis
vezes o melhor marcador do Campeonato Nacional, prova em que apontou 331 golos
em 197 jogos, uma média de mais de 1,6 golos por jogo, média ainda hoje não
superada por nenhum jogador do mundo em jogos referentes aos “nossos”
campeonatos nacionais. No total foram 393 jogos com a camisola leonina (entre
1937 e 1949) tendo marcado 635 golos (média de 1,61 por jogo), sendo que a
totalidade de jogos disputados pelo Sporting e pela seleção nacional foi 432,
tendo marcado 700 golos (média de 1,62 por jogo). Sem dúvida um dos maiores
goleadores de sempre do futebol português e mundial com esta impressionante
média de golos por jogo.
Pela
seleção nacional atuou por 20 ocasiões e apontou 14 golos. Peyroteo foi um
jogador que ao longo da sua brilhante carreira estabeleceu inúmeros recordes
pessoais, sendo um deles o facto de ser o jogador português que mais golos
marcou num só jogo em campeonatos nacionais, mais precisamente 9 golos contra o
Leça em 22 de Fevereiro de 1942, jogo que o Sporting venceu por 14-0. Foi ainda
o jogador português que mais golos consecutivos marcou num só jogo a contar
para campeonatos nacionais: 5 golos ao Vitória de Guimarães a 8 de Fevereiro de
1942. Foi o atleta com mais golos marcados ao Benfica, 64 golos em 55 jogos
(média de 1,2 por jogo), e ao FC Porto, 33 golos em 32 jogos (média de 1,02 por
jogo). Os seus 43 golos apontados no campeonato nacional de 1947/48 só vieram a
ser ultrapassados por outro sportinguista, o argentino Hector Yazalde que
em1973/74 marcou 46 golos. Uma das suas inúmeras tardes de glória com a
camisola leonina ocorreu a 24 de abril de 1948, dia em que o Sporting precisava
de vencer o Benfica, fora de casa, por uma diferença de três golos para
conquistar mais um campeonato nacional. Nessa tarde de glória, Peyroteo, apesar
de ter passado a noite com febre alta, jogou e marcou os quatro golos que
permitiram ao Sporting ganhar o campeonato nacional e, em simultâneo, a
primeira Taça «O Século».
Uma das
muitas histórias curiosas da sua vida aconteceu em agosto de 1948, altura em
que contraiu uma enorme dívida numa casa de desporto, tendo então anunciado a
retirada do futebol porque precisava do dinheiro proveniente da festa de
despedida. Foi então que um grupo de sócios lhe adiantou o dinheiro em causa
para que prosseguisse a carreira por mais um ano. Fez a festa de despedida dos
campos de futebol a 5 de outubro de 1949 num estádio cheio de emoção e cuja
receita lhe permitiu pagar o dinheiro adiantado um ano antes. Fernando Peyroteo
era uma máquina de fazer golos, e foi um dos integrantes do famoso quinteto
sportinguista das décadas de 40 e 50 denominado de Os Cinco Violinos, que para
além de Peyroteo era ainda composto por Jesus Correia, Albano, Travassos e
Vasques. Terminou a sua carreira aos 31 anos. Foi selecionador nacional entre
1961 e 1962, tendo como principal feito ao serviço da seleção das quinas o
simples facto de ter lançado um jovem chamado... Eusébio da Silva Ferreira.
Faleceu em 28 de novembro de 1978, com apenas 60 anos.
Legenda
das fotografias:
1- O
"astro" Fernando Peyroteo
2- A
fazer o que melhor sabia: golos
3- Os
famosos "Cinco Violinos"
4-Com a
camisola da seleção nacional
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