sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Flashes Biográficos (8): Fernando Peyroteo


Fernando PEYROTEO (Futebol): Foi um dos primeiros fenómenos do futebol lusitano. Um nome que ainda é hoje é recordado com saudade pelas poucas pessoas vivas que um dia tiveram o prazer de ver jogar, em especial os afetos ao Sporting Clube de Portugal. Vamos falar hoje de Fernando Peyroteo, um dos melhores avançados-centro portugueses de todos os tempos.
Nasceu a 10 de março de 1918, em Humpata, Angola (na época colónia portuguesa) e desde cedo revelaria queda para a bola, em especial para a arte de marcar golos. E começou a marcá-los, e muitos, diga-se passagem, ao serviço do Sporting Clube de Luanda. Aos 19 anos chegou a Lisboa, mais precisamente no dia 26 de junho de 1937, sendo que na altura não assinou de imediato contrato com o Sporting Clube de Portugal, clube que descobriu este talento pelos campos de Angola e que de imediato tratou de o trazer para os seus quadros. Na época Peyroteo deu apenas a sua palavra de honra em como jogaria no Sporting sem se quer ter discutido questões monetárias.

Um clube do norte, ao que parece o FC Porto, ainda tentou desviar o jovem Fernando, prometendo-lhe um ordenado mais alto do que aquele que iria ganhar em Lisboa, mas este trazia indicações claras de que em Portugal o seu clube seria o emblema do leão, além de que já se havia comprometido verbalmente com os lisboetas. A sua estreia com a camisola do Sporting daria-se a 12 de outubro de 1937 num torneio disputado no Campo das Salésias, com os leões a defrontarem o Benfica, jogo que terminaria com a vitória dos primeiros por 5-3, tendo 2 desses 5 golos leoninos sido da autoria de Peyroteo. No seu primeiro ano de leão ao peito, ajudaria o clube a conquistar um Campeonato de Portugal. Este foi aliás o único Campeonato de Portugal (a prova que deu origem à Taça de Portugal) que conquistaria. Em termos de palmarés venceria ainda cinco Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão e quatro Taças de Portugal. Foi por seis vezes o melhor marcador do Campeonato Nacional, prova em que apontou 331 golos em 197 jogos, uma média de mais de 1,6 golos por jogo, média ainda hoje não superada por nenhum jogador do mundo em jogos referentes aos “nossos” campeonatos nacionais. No total foram 393 jogos com a camisola leonina (entre 1937 e 1949) tendo marcado 635 golos (média de 1,61 por jogo), sendo que a totalidade de jogos disputados pelo Sporting e pela seleção nacional foi 432, tendo marcado 700 golos (média de 1,62 por jogo). Sem dúvida um dos maiores goleadores de sempre do futebol português e mundial com esta impressionante média de golos por jogo.

Pela seleção nacional atuou por 20 ocasiões e apontou 14 golos. Peyroteo foi um jogador que ao longo da sua brilhante carreira estabeleceu inúmeros recordes pessoais, sendo um deles o facto de ser o jogador português que mais golos marcou num só jogo em campeonatos nacionais, mais precisamente 9 golos contra o Leça em 22 de Fevereiro de 1942, jogo que o Sporting venceu por 14-0. Foi ainda o jogador português que mais golos consecutivos marcou num só jogo a contar para campeonatos nacionais: 5 golos ao Vitória de Guimarães a 8 de Fevereiro de 1942. Foi o atleta com mais golos marcados ao Benfica, 64 golos em 55 jogos (média de 1,2 por jogo), e ao FC Porto, 33 golos em 32 jogos (média de 1,02 por jogo). Os seus 43 golos apontados no campeonato nacional de 1947/48 só vieram a ser ultrapassados por outro sportinguista, o argentino Hector Yazalde que em1973/74 marcou 46 golos. Uma das suas inúmeras tardes de glória com a camisola leonina ocorreu a 24 de abril de 1948, dia em que o Sporting precisava de vencer o Benfica, fora de casa, por uma diferença de três golos para conquistar mais um campeonato nacional. Nessa tarde de glória, Peyroteo, apesar de ter passado a noite com febre alta, jogou e marcou os quatro golos que permitiram ao Sporting ganhar o campeonato nacional e, em simultâneo, a primeira Taça «O Século».

Uma das muitas histórias curiosas da sua vida aconteceu em agosto de 1948, altura em que contraiu uma enorme dívida numa casa de desporto, tendo então anunciado a retirada do futebol porque precisava do dinheiro proveniente da festa de despedida. Foi então que um grupo de sócios lhe adiantou o dinheiro em causa para que prosseguisse a carreira por mais um ano. Fez a festa de despedida dos campos de futebol a 5 de outubro de 1949 num estádio cheio de emoção e cuja receita lhe permitiu pagar o dinheiro adiantado um ano antes. Fernando Peyroteo era uma máquina de fazer golos, e foi um dos integrantes do famoso quinteto sportinguista das décadas de 40 e 50 denominado de Os Cinco Violinos, que para além de Peyroteo era ainda composto por Jesus Correia, Albano, Travassos e Vasques. Terminou a sua carreira aos 31 anos. Foi selecionador nacional entre 1961 e 1962, tendo como principal feito ao serviço da seleção das quinas o simples facto de ter lançado um jovem chamado... Eusébio da Silva Ferreira. Faleceu em 28 de novembro de 1978, com apenas 60 anos.

Legenda das fotografias:

1- O "astro" Fernando Peyroteo
2- A fazer o que melhor sabia: golos
3- Os famosos "Cinco Violinos"
4-Com a camisola da seleção nacional

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