domingo, 11 de agosto de 2024

Pichardo fica a 2 centímetros de um novo ouro olímpico


Em condições normais este seria um momento de extrema felicidade, mas dado que estamos a falar de uma diferença de 2 centímetros (!!!) entre o ouro e a prata é caso para dizer que o segundo lugar no pódio olímpico da prova de triplo salto soube a pouco ao luso-cubano Pedro Pablo Pichardo nos Jogos de Paris 2024. O atleta, campeão olímpico em Tóquio 2020, e vice-campeão europeu em Roma, saltou 17.84 metros, ficando a dois centímetros da medalha de ouro, que seria conquista pela espanhol Jordan Díaz (que registou a marca de 17,86 metros). Ao terceiro lugar do pódio subiu o italiano Andy Díaz Hernández (com 17,73 metros). Uma curiosidade para dizer que os três atletas medalhados são naturais de Cuba. Pedro Pablo Pichardo entra assim para a história dos melhores portugueses em Jogos Olímpicos, com uma medalha de ouro e outra de prata, igualando o maratonista Carlos Lopes.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Ciclista Iuri Leitão conquista a 30.ª medalha olímpica da história de Portugal

Portugal voltou a ser feliz nas Olimpíadas de Paris de 2024. Depois do judo, foi a vez do ciclismo nos dar uma alegria, o mesmo será dizer, uma medalha olímpica, a 30.ª da nossa história desportiva no que concerne a Jogos Olímpicos. O feito foi alcançado pelo ciclista Iuri Leitão, natural de Viana do Castelo, e que logrou alcançar o segundo lugar e a respetiva medalha de prata em Omnium, prova de ciclismo de pista. Iuri Leitão chegou a Paris ostentando o título de campeão do Mundo da especialidade, conquistado em Glasgow, em 2023, tendo terminado o Omnium – realizado no velódromo Saint-Quentin-en-Yveniles – com 153 pontos, atrás do francês Benjamin Thomas (164) e à frente do belga Fábio van den Bossche (131). O ciclista de 26 anos conquistou assim a primeira medalha para Portugal na pista e a segunda da história do ciclismo português em Jogos Olímpicos, depois de Sérgio Paulinho ter igualmente arrecadado a prata na prova de fundo em Atenas 2004. O trajeto de Leitão até agarrar a medalha não teve início da melhor maneira, já que não foi além do 7.º lugar na corrida "Scratch", somando 28 pontos, classificação essa que iria melhor no evento seguinte. Na corrida "Tempo" o português brilhou a grande altura, alcançando a 2.ª posição, com 38 pontos, sendo apenas batido pelos 40 pontos do belga Fabio van den Bossche. Na corrida de "Eliminação" houve alguma polémica, já que Iúri Leitão não terá ouvido a sineta a avisar que estava a entrar numa volta de eliminação e acabou por somar "apenas" 28 pontos consequentes do 7.º lugar logrado, um resultado que lhe permitiu, no entanto, manter o terceiro lugar da classificação geral à entrada para o derradeiro e decisivo evento. Na corrida por "Pontos", o português foi brilhante e conseguiu o 2.º lugar, que acabaria por ser decisivo para a medalha de prata, atrás do francês Benjamin Thomas, que conquistou o ouro, enquanto o belga Fabio van den Bossche ficou com o bronze. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Da Nigéria chegou o homem mais rápido da história de Portugal que em 2004 para aqui trouxe a prata olímpica

Foi a defender a sua terra natal (a Nigéria) que com apenas 17 anos viveu a sua primeira experiência olímpica, em 1996, quando em Atlanta se quedou pelas eliminatórias das provas de 200m e 4X100m. Mas seria com as cores do nosso país que em 2004 atingiu a imortalidade olímpica. Francis Obikwelu, um nome que reluz a letras de prata na história do desporto lusitano, e prata porque foi essa a "cor" da medalha que ele conquistou nos Jogos Olímpicos de Atenas, na prova dos 100m, ficando para a história como o homem mais rápido do atletismo português de todos os tempos. Obikwelu nasceu em Onitsha, na Nigéria, em 22 de novembro de 1978, e com 15 anos de idade veio pela primeira vez ao nosso país, a fim de participar no Mundial de juniores, que decorreu em Lisboa. Então, e tal como outros atletas africanos, opta por ficar a viver em Portugal, de forma ilegal, tendo vivido tempos difíceis, chegando mesmo a ter de trabalhar na construção civil no Algarve. É aqui que conhece algumas pessoas que percebendo o seu talento o encaminham para o Belenenses, clube onde evoluiu como atleta, sendo que em 1996 se sagra campeão mundial júnior nos 100 e 200m, além de que vai pela primeira vez, como já vimos, aos Jogos Olímpicos. Um ano mais tarde transfere-se para o Sporting, e vence a medalha de bronze dos 200m nos Mundiais de pista coberta, além de que com as cores da sua Nigéria ganha a medalha de prata dos 4x100m nos Campeonatos do Mundo de Atletismo, que se disputaram em Atenas. Outros títulos e outras medalhas se seguiram nos anos seguintes, até que em 2001 obtém a nacionalidade portuguesa, depois de uma rutura com os responsáveis pelo atletismo nigeriano, pelo facto de Francis se sentir de certa forma abandonado por estes. Um ano antes, em 2000, ajuda o seu clube a vencer a Taça dos Clubes Campeões Europeus de atletismo, ao contribuir com três vitórias (100m, 200m e 4x100m). No novo milénio bate uma série de recordes nacionais de velocidade, com realce para o que obteve em 2004, em Paris, quando correu os 200m em 20,12s. Mas o recorde mais saboroso que iria bater nesse ano seria no maior palco desportivo planetário, os Jogos Olímpicos. Em Atenas, e numa das finais olímpicas mais emocionantes – e mais rápidas, com apenas 4 centésimos de segundo a separar o 1.º do 4.º classificado – da história, Francis conquistou a medalha prata nos 100m, com um tempo de 9,86 segundos, apenas superado pelo norte-americano Justin Gatlin, que fez menos um centésimo (9,85s). Este tempo obtido pelo luso-nigeriano é ainda hoje o recorde da Europa nos 100m – uma das mais prestigiadas provas dos Jogos Olímpicos.  

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

De Espinho a Los Angeles com o bronze (olímpico) como ponto alto de uma carreira que foi curta demais

Os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, foram dos mais produtivos no que diz respeito a medalhas para o desporto português. No total arrecadámos três medalhas, e todas elas no atletismo por intermédio de três dos maiores vultos da modalidade: Carlos Lopes (ouro na maratona), Rosa Mota (bronze, também na maratona) e António Leitão (bronze nos 5000m). Esta performance só seria superada nos Jogos de Tóquio, em 2020, quanto trouxemos para casa quatro medalhas, por intermédio de Jorge Fonseca (judo), Patrícia Mamona (atletismo), Fernando Pimenta (canoagem) e Pedro Pablo Pichardo (atletismo). Mas regressemos a Los Angeles, onde há 40 anos a esta parte um dos maiores fundistas da nossa história viveu o ponto alto da sua notável carreira ao conquistar uma medalha olímpica. António Leitão, assim se chamava este homem nascido em Espinho a 22 de julho de 1960. Leitão começou a evidenciar o seu talento para as corridas na sua terra natal, tendo dados os primeiros passos no Núcleo dos Amigos do Sporting Clube de Espinho e posteriormente passado para este que é o emblema mais representativo desta localidade. Em 1979 tornou-se no primeiro atleta português a conquistar uma medalha nos Europeus de atletismo no escalão de juniores, nesse ano realizados em Bydogoszcz (Polónia), de onde trouxe o bronze. Este êxito fê-lo deixar o clube da sua terra para assinar com o gigante Benfica, clube cujas cores defendeu durante a restante carreira. Ao serviço das águias foi 7 vezes campeão nacional de pista por equipas (80, 82, 83, 84, 86, 89, 90), penta campeão europeu de estrada por equipas (88, 89, 90, 91 e 92), 2 vezes campeão nacional de corta-mato por equipas (81 e 90), e campeão nacional de estrada por equipas (91). O seu maior feito foi, porém, a medalha de bronze nos 5000m dos Jogos Olímpicos, após ter ficado no terceiro posto de uma corrida épica. Leitão era um especialista nesta disciplina do atletismo, como recordou anos mais tarde outro ícone da modalidade, Carlos Lopes: «Ele conhecia muito bem esta distância, tinha velocidade, e toda a sua corrida era dinâmica, ajustada a ritmos fortes». Em Los Angeles, o também português Ezequiel Canário foi o primeiro a dar nas vistas na prova dos 5000m, impondo um ritmo fortíssimo, sendo que posteriormente surgiu António Leitão, que fez de tudo para evitar que alguém o surpreendesse nas últimas voltas, O luso tinha o ouro na mente. Andou sempre no trio da frente e só nos metros finais descolou dos dois primeiros classificados. Tudo porque o marroquino Said Aouita fez a corrida da sua vida, e confirmou aqui o porquê de ser considerado o melhor corredor mundial de pista dos finais dos anos 80. Aouita bateu Leitão e ficou com o ouro, sendo que o suíço Markus Ryffel superou o português quase em cima da meta, arrecadando desta forma a prata. António Leitão teve de resignar-se com o bronze (com um registo de 13.09,20 minutos), que mesmo assim foi memorável. 1984 foi mesmo um ano memorável para o atleta natural de Espinho, já que contribuiu para que a seleção portuguesa garantisse o 3.º lugar por equipas no Mundial de Corta-Mato, realizado em Nova Iorque. As lesões e acima de tudo uma doença rara fizeram com que a sua carreira terminasse cedo de mais. Com apenas 31 anos deixou as pistas, devido a uma doença rara denominada de hemocromatose, que faz o corpo absorver ferro em excesso e provoca depósitos desse material em diversos órgãos, danificando-os a ponto de causar morte prematura. Faleceu, pois, muito novo, com 51 anos, no dia 18 de março de 2012.                    

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Patrícia Sampaio conquista em Paris (2024) a quarta medalha olímpica no judo

E eis que ao sexto dia (1 de agosto) dos Jogos Olímpicos de Paris, Portugal arrecadou uma medalha de bronze. Patrícia Sampaio é o nome da conquistadora lusa, ela que entra assim na história do nosso desporto após ter ficado no terceiro lugar nos -78kg de judo ao derrotar a japonesa Rika Takayama – 9-ª do ranking mundial – por duplo waza-ari. Na Arena de Bercy, em Paris, a atleta portuguesa – nascida a 30 de junho de 1999, em Tomar – começou com um waz-ari no início do combate e finalizou com duplo waza-ari, a um minuto do final, resultando em ippon, garantindo, assim, a medalha de bronze. Até chegar à medalha olímpica, Patrícia Sampaio venceu quatro das cinco lutas quer travou, tendo apenas sido derrotada pela italiana Alice Bellandi, número 1 do Mundo, na meia-final. A tomarense tinha vencido na estreia olímpica a queniana Zeddy Cherotich, seguindo-se a vice-campeã olímpica Madeleine Malonga e, por fim, venceu a chinesa Ma Zhenzhao após um ippon por estrangulamento. Ao site oficial dos Jogos Olímpicos a atleta de 25 anos referiu que «[A medalha] só me dá vontade de querer mais. E agora eu tenho o bronze. Em Tóquio (2020) eu participei e sabia que na edição seguinte eu queria mais... agora em Paris eu tenho o bronze e sei que na edição seguinte eu vou querer mais. Portanto, Paris acaba hoje e amanhã já se começa a pensar em Los Angeles (2028). E eu só quero mais e mais. Uma pessoa depois de conquistar isso, só quer mais», que antes de subir ao pódio para receber aquela que é a 29.ª medalha da história de Portugal em Jogos Olímpicos confessou, emocionada, que tudo aquilo «parece um sonho, e era um sonho». Relembre-se que esta é a quarta medalha olímpica conquistada por Portugal em judo, depois de Nuno Delgado, Telma Monteiro e Jorge Fonseca terem também entrado na história dos Jogos com as nossas cores.