quinta-feira, 29 de julho de 2021

Judoca Jorge Fonseca arrecada novo bronze olímpico para Portugal

É com imenso orgulho e emoção que abrimos hoje as portas do nosso Museu para evocar e enaltecer a conquista de uma medalha olímpica pelo nosso país nos Jogos que decorrem presentemente em Tóquio. Feito alcançado pelo judoca Jorge Fonseca, que arrecadou a medalha de bronze na categoria de -100 quilos do torneio de judo. 
É o primeiro pódio português nestes Jogos Olímpicos de Tóquio e a terceira medalha de bronze para o judo nacional no evento, após as conquistas de Nuno Delgado, em Sydney 2000, e de Telma Monteiro, no Rio de Janeiro 2016.
Jorge Fonseca conquistou o terceiro lugar do pódio depois de derrotar o canadiano Shady Elhanas, por waza-ari, num combate renhido. Fonseca falhou a final olímpica na categoria de -100kg após ter sido derrotado pelo coreano Guam Cho, explicando então que estava limitado por uma lesão na mão esquerda, referindo mais tarde que se tratava de uma cãibra. E no combate pelo bronze, o português conseguiu um waza-ari a cerca de 30 segundos do final, ainda sofreu uma penalização, mas segurou o resultado e assegurou o pódio.
«Estou feliz. Trabalhei para o ouro, infelizmente não correu bem, mas consegui o bronze. Queria muito esta medalha, estava desejoso de a ganhar. Agora vou trabalhar para ir buscar o ouro a Paris», afirmou o atleta à RTP. «Sou bicampeão do mundo, o meu lugar é o ouro. Quero mais, quero ser o melhor de todos os tempos no desporto nacional», concluiu, agradecendo ainda o apoio dos portugueses.
No trajeto até ao bronze, Jorge Fonseca venceu o belga Toma Nikiforov e o russo Niiaz Iliasov, mas acabou por sair então derrotado pelo coreano Guham Cho no combate que dava acesso à final.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Primeira medalha olímpica do judo nacional festejada com uns passinhos de dança

No preciso dia em que arranca mais uma edição daquele que é tido como o maior evento desportivo do Mundo, os Jogos Olímpicos, o nosso Museu vai continuar a recordar os momentos de glória dos atletas lusos no palco olímpico. E hoje viajamos até Sydney, que em 2000 acolheu a XXVII Olimpíada. Portugal guarda boas memórias de Sydney, já que dali trouxe duas medalhas, uma no atletismo, por intermédio de Fernanda Ribeiro, e outra no judo, pela mão de Nuno Delgado. Ambas de bronze. É da de judo que hoje vamos falar. Em 2000 pela primeira vez o judo português subia a um pódio olímpico. Nuno Delgado (nascido em Lisboa, a 27 de agosto de 1976) foi o herói nacional ao vencer a medalha de bronze na categoria de -81kg depois de ter derrotado o uruguaio Álvaro Paseyro por "ippon". Para sempre na memória ficam os festejos do luso, com pulos e passos de dança a sua medalha, naquela que foi a sua estreia nos Jogos Olímpicos. O judoca que então representava o Sport Algés e Dafundo, com 24 anos, venceu quatro combates consecutivos, mas perdeu na meia final com o sul-coreano In-chu Cho por decisão do júri. Nuno Delgado iniciou a sua caminhada de glória com um triunfo sobre o monegasco Vatricant ("ippon" em 28s) e continuou com vitórias perante o italiano Lepre (decisão unânime dos juízes), o australiano Kelly ("ippon" em 3m19s) e o iraniano Sarikhani ("ippon" em 4m32s). Nas meias-finais, a derrota (por "yuko") frente ao coreano Choi afastou-o das medalhas de ouro e de prata, mas o bronze acabou por ser garantido com o triunfo sobre o uruguaio Paseyro ("ippon" em 3m56s). Nuno dedicou o seu triunfo ao judo nacional, explicando que a estratégia de ataque contínuo no combate para o bronze foi planeada antes de entrar no tapete e assumiu com desportivismo a derrota na meia-final: «O coreano já me tinha batido nos Mundiais, por isso estava ansioso por voltar a encontrá-lo. Só que ele esteve melhor e foi taticamente muito bom, tenho de lhe dar os parabéns. Eu vim aqui para ganhar os combates todos, mas há que assentar os pés no chão e aceitar que houve um adversário que me bateu e foi justo». Dos seis judocas portugueses presentes em Sydney, Nuno Delgado foi o único estreante nos Jogos Olímpicos, mas na bagagem levava para a Austrália o título de campeão europeu, conquistado no ano anterior. No pós Sydney foi ainda vice-campeão europeu em 2003, sendo que em 2004 ele foi o atleta escolhido como porta-estandarte da delegação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Atenas. Vinte anos mais tarde, e ainda sobre a mítica medalha olímpica conquistada em Sydney, Nuno Delgado disse que aquelas foram "emoções fortes, momentos de satisfação. De alguma maneira, sinto uma enorme satisfação por ter contribuído para o caminho que a modalidade trilhou, pois evoluiu e cresceu, ganhou muitas medalhas nas grandes competições. É um prazer e orgulho fazer parte dessa história».


Vídeo: Reportagem da RTP que mostra o momento de glória olímpica de Nuno Delgado

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Debaixo de chuva e trovões a vela portuguesa chega de novo a uma medalha olímpica

A seguir ao atletismo a vela é a modalidade que mais medalhas conferiu a Portugal no que a Jogos Olímpicos concerne. Depois de Londres (1948), Helsínquia (1952) e Roma (1960) uma nova glória olímpica deu à costa em Atlanta, no ano de 1996, ano em que esta cidade norte-americana foi sede da XXVI olimpíada. Doze anos depois os Estados Unidos da América voltavam a receber a família olímpica e nunca se venderam tantos bilhetes como então, no balanço final é registada a venda de 10 milhões de bilhetes! A missão portuguesa fez-se representar por 107 atletas, 83 homens e 24 mulheres, repartidos por 18 modalidades. Uma delas foi a vela, que nestes Jogos apresentava uma dupla que haveria de entrar na história do nosso desporto, nomeadamente Hugo Rocha e Nuno Barreto. O primeiro atleta, nascido a 13 de abril de 1972, em Lisboa, era um repetente em matéria de Jogos Olímpicos, já que quatro anos antes havia estado em Barcelona, não tendo ido além de um 24.º lugar na Classe 470 juntamente com o seu par de então, Jorge Seruca. Vela portuguesa que no palco olímpico não subia ao pódio desde a medalha de prata na classe Star, conquistada em 1960 pelos irmãos Quina.

Mas tudo mudou no dia 30 de julho de 1996, um dia tempestuoso, com relâmpagos e trovões a pairarem sobre o Centro Olímpico de Savanah, a cerca de 370 km de Atlanta, local onde decorreram as provas de vela. Concluída a 11.ª regata na Classe 470 Hugo Rocha e Nuno Barreto regressam à marina de Savanah com a medalha de bronze ao peito. Na partida para esta derradeira regata, o treinador da dupla portuguesa, Luís Rocha, que como curiosidade era irmão de Hugo Rocha, antevia que a dupla de velejadores sabia aguentar a pressão e quem sabe dessa forma poderia conquistar uma medalha. Portugal que era naquela altura 3.º colocado na classificação geral, a um ponto da Grã-Bretanha, depois de ter andado em 2.º lugar no final da 4.ª regata.  Hugo Rocha e Nuno Barreto (nascido a 29 de abril de 1972) provaram em Atlanta que eram os legítimos descendentes de uma longa dinastia de sucesso na vela portuguesa. Na classificação final a Ucrânia ficou com o ouro, a Grã-Bretanha com a prata e Portugal com o bronze. Chegados ao nosso país, foram recebidos como heróis, sobretudo em Faro, cidade familiar para ambos, já que tinha sido ali, ao serviço do Ginásio de Faro, que tinham dado nas vistas na modalidade. Na capital do Algarve desfilaram de medalha de bronze ao peito pelas ruas debaixo de merecidos aplausos. Esta mesma dupla tentou um novo sucesso olímpico quatro anos depois, em Sidney, mas não iria além do 16.º lugar na Classe Tornado. Nesta mesma classe Nuno Barreto repetiu o 16.º lugar nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, desta feita na companhia de Diogo Cayolla.

Vídeo: Reportagem da RTP em Atlanta após a conquista da medalha de bronze em vela

quinta-feira, 8 de julho de 2021

No berço das Olimpíadas Sérgio Paulinho sprintou para a prata

Foi em Atenas que em 1896 se escreveu o primeiro capítulo da história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Mais de um século depois a capital grega foi novamente escolhida para sediar aquele que é indiscutivelmente um dos maiores acontecimentos do globo. Olimpíadas estas de boa memória para o desporto português já que um pouco contra os prognósticos o herói que iremos recordar nas próximas linhas conquistou mais uma medalha para o nosso medalheiro olímpico. Estávamos a 14 de agosto de 2004, apenas o segundo dia da XXVIII Olimpíada, e nas ruas de Atenas arrancava a prova de estrada em ciclismo. A equipa portuguesa, selecionada por José Poeira, era composta por quatro ciclistas, nomeadamente Cândido Barbosa, Nuno Ribeiro, Gonçalo Amorim e Sérgio Paulinho. Para tentar chegar a uma medalha o quarteto luso tinha pela frente um duro obstáculo 17 voltas ao circuito de 13,2 quilómetros desenhado no centro de Atenas, num total de 224 quilómetros. O dia era de muito calor, e o ciclista português em que estavam depositadas as maiores esperanças para atingir um bom resultado acaba por desistir. Pois é, Cândido Barbosa, conhecido como o "Foguete de Rebordosa", cedeu ao desgaste e acabou por sucumbir. Mas a grande surpresa acabaria por chegar por intermédio de um dos improváveis (candidatos a um bom resultado) atletas da seleção lusitana, Sérgio Paulinho, de apenas 24 anos, que no seu ainda curto currículo carregava a coroa de ser o então atual campeão nacional de contra-relógio e contar igualmente com um par de vitórias na Volta a Portugal. Ninguém esperava que o então inexperiente ciclista pudesse chegar tão longe como chegou naquela tórrida tarde de 4 de agosto. A três voltas do fim da corrida Paulinho - que defendia na época as cores LA Alumínios - começa a mostrar-se, ao chegar-se à frente para fazer companhia ao italiano Paolo Bettini, duas vezes campeão do mundo. Com os favoritos espanhóis já fora da discussão pelas medalhas, as duas últimas voltas foram decisivas. 15 anos mais tarde, numa entrevista ao Observador, Sérgio Paulinho lembra-se das últimas duas voltas, «que foram muito rápidas. Só eu consegui seguir o ataque do Bettini, e depois aguentei-me». Na roda do italiano, o português lembrou ainda que a chegar à meta «já vinha com cãibras, mas ainda assim tentei surpreender aquele que era o melhor do mundo em corridas de um dia. Era difícil batê-lo, mas a esperança era sempre a última a morrer». A poucos metros da meta Bettini sprintou para a medalha de ouro, para apenas um segundo depois Sérgio Paulinho cortar a meta e ser premiado com a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, a primeira para o ciclismo português em Olimpíadas. Paulinho terminou a prova com o tempo de 5h41m45s. No terceiro lugar ficou o belga Axel Merckx, filho do mítico ciclista Eddy Merckx. Para sempre ficará na memória de todos o momento em que Sérgio Paulinho se baixou para receber a medalha de prata e depois recebeu a coroa de folhas de oliveira, histórica manifestação grega para condecorar os vencedores das diversas provas nos primeiros Jogos.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Como não há duas sem três, os cavaleiros portugueses foram a Londres (1948) arrecadar uma nova medalha de bronze olímpica

Luís Mena e Silva, tornou-se em 1948 
no primeiro português a vencer duas
medalhas olímpicas
Portugal guarda boas memórias dos Jogos Olímpicos de 1948, que tiverem como sede a cidade de Londres. Olimpíadas estas que registaram a presença da maior delegação olímpica de Portugal até então. A nação lusa fez-se representar por 47 atletas, competindo em sete modalidades, nomeadamente atletismo, esgrima, hipismo, natação, remo, tiro e vela. 

Estes Jogos ficaram para a posterioridade como aqueles em que Portugal alcançou o que até então nunca tinha sido conseguido por uma missão olímpica portuguesa, uma vez que o regresso a casa se fez com mais do que uma medalha na bagagem, mais concretamente uma medalha de prata na vela e outra de bronze no hipismo. Sobre a medalha conquistada na vela pelos irmãos Fernando e Duarte Bello, que foram segundos classificados na classe «Swallow», já aqui falámos noutras viagens ao passado, e nesse sentido vamos recordar o novo feito olímpico do hipismo português.

Hipismo que nunca é por demais recordar deu a primeira medalha olímpica a Portugal, uma efeméride que se deu nas Olimpíadas de 1924, em Paris, no caso uma medalha de bronze, ao que se seguiu uma outra medalha de bronze nos Jogos de Berlim, em 36, dois factos que também já aqui foram evocados no nosso Museu. Como diz o velho ditado: não há duas sem três e eis que em 1948 Portugal alcança uma nova medalha de bronze na prova de ensino por equipas, graças aos desempenhos individuais de Fernando Paes (9.º), Francisco Valadas Jr. (10.º) e Luís Mena e Silva (12.º). Este último tornou-se, aliás, o primeiro português a vencer duas medalhas olímpicas, uma vez que nos Jogos de Berlim de 1936 já tinha sido um dos medalhados no concurso de saltos por equipas, onde Portugal também fora 3.º classificado.

Porém, esta nova conquista lusitana não deixou de estar envolta em alguma polémica. Ou seja, Portugal havia-se classificado em 4.º lugar na referida prova de ensino, atrás da Suécia, França e Estados Unidos da América. A medalha de ouro começou pois por ser atribuída aos suecos, mas como dessa equipa fazia parte um sargento e à luz dos regulamentos internacionais não era permitido que os militares que integrassem as equipas nacionais não fossem oficiais, os nórdicos foram denunciados pelos franceses, tendo os suecos sido desclassificados. Conclusão, a França passava a ser campeã campeão olímpica desta modalidade, os norte-americanos ficavam com a prata e os portugueses subiam do quarto ao terceiro lugar, conquistando a medalha de bronze. Para a histórica ficam ainda os nomes dos cavalos montados pelos cavaleiros lusos nos Jogos de 48: Fernando Paes: Matamás; Francisco Valadas: Feitiço; Luís Mena e Silva: Fascinante.