sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Wrestling "super star"

Se existe modalidade em que a componente espetáculo vem acima de tudo essa modalidade é sem dúvida o wrestling, isto é, falando a língua de Camões, a luta livre. Fatiotas coloridas, rostos pintados, e nomes pomposos fazem parte de uma modalidade que hoje em dia não é mais do que uma espécie de teatro desportivo, onde os atores - os lutadores - criam um espetáculo de entretenimento simulando combates onde tudo vale para derrotar o adversário, desde arremessar cadeiras, ou bater com ferros, entre outros golpes que levam os espetadores ao delírio.

Hoje em dia é «tudo a brincar», como um destes dias dizia um avó ao neto que seguia com atenção pela televisão um combate da mediática World Wrestling Federation (WWF) norte-americana, mas... nem sempre foi assim. «Antigamente batia-se a sério», dizia o tal avó para o empregado do café onde presenciei este diálogo. «Lembra-se do Tarzan Taborda?», atirou ao emprego. Pois bem, é para falar sobre esta lenda da luta livre internacional que o Museu Virtual do Desporto Português abre hoje as suas portas. Albano Taborda Curto Esteves nasceu a 27 de maio de 1935, na Aldeia do Bispo, no distrito de Castelo Branco, e reza a lenda que em criança levava porrada de todos os seus colegas de escola. Verdade ou não é que Albano cresceu e tornou-se numa autêntica máquina humana invencível na arte de... dar pancada. Adotando o nome artístico de Tarzan Taborda efetuou os primeiros combates em Angola, derrotando nomes famosos da luta livre de então como Lobo da Costa, ou Leandro Ferreira.

Tornou-se num verdadeiro King Kong, invencível, e ainda recorrendo à lenda, dizem que lutou em mais de 4 mil combates sem nunca ter perdido um!!! Por quatro ocasiões foi campeão da Europa, enquanto que o título mundial foi seu em cinco ocasiões.
Nos anos 50, 60, e 70, a altura em que Tarzan Taborda dominou o mundo do wrestling, era comum ver locais como o Coliseu dos Recreios, Parque Mayer, ou o antigo Pavilhão dos Desportos a arrebentar pelas costuras na ânsia de ver o herói português em ação. Na década seguinte (80) a chama do wrestling apagou-se em Portugal, a modalidade perdeu fulgor e Tarzan Taborda partiu para outras paragens, o Médio Oriente, por exemplo, onde "atuou" especialmente para... Saddam Hussein.

Enquanto isso nos Estados Unidos o wrestling crescia a olhos vistos, e nos anos 90 os combates da WWF passaram a ser transmitidos pela TV portuguesa. Os comentários dos emotivos e espetaculares combates de Hulk Hogan, Rick Flair, Shawn Michaels, ou The Undertaker, os novos ídolos da modalidade, eram de Tarzan Taborda, que além de explicar em detalhe o que se ia passando na arena recordava "aqui e ali" alguns episódios marcantes da sua gloriosa carreira que terminou em 1981.

Para além de wrestler foi duplo de cinema, tendo contracenado com nomes como John Wayne, Alain Delon, ou Brigitte Bardot, e ainda deu um pezinho de dança como bailarino em Paris!
Em 9 de setembro de 2005 perdeu o seu único combate, o combate com a morte, que o atirou ao tapete (vitimado por um ataque cardíaco) quando contava com 70 anos de idade.

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