segunda-feira, 19 de julho de 2021

Debaixo de chuva e trovões a vela portuguesa chega de novo a uma medalha olímpica

A seguir ao atletismo a vela é a modalidade que mais medalhas conferiu a Portugal no que a Jogos Olímpicos concerne. Depois de Londres (1948), Helsínquia (1952) e Roma (1960) uma nova glória olímpica deu à costa em Atlanta, no ano de 1996, ano em que esta cidade norte-americana foi sede da XXVI olimpíada. Doze anos depois os Estados Unidos da América voltavam a receber a família olímpica e nunca se venderam tantos bilhetes como então, no balanço final é registada a venda de 10 milhões de bilhetes! A missão portuguesa fez-se representar por 107 atletas, 83 homens e 24 mulheres, repartidos por 18 modalidades. Uma delas foi a vela, que nestes Jogos apresentava uma dupla que haveria de entrar na história do nosso desporto, nomeadamente Hugo Rocha e Nuno Barreto. O primeiro atleta, nascido a 13 de abril de 1972, em Lisboa, era um repetente em matéria de Jogos Olímpicos, já que quatro anos antes havia estado em Barcelona, não tendo ido além de um 24.º lugar na Classe 470 juntamente com o seu par de então, Jorge Seruca. Vela portuguesa que no palco olímpico não subia ao pódio desde a medalha de prata na classe Star, conquistada em 1960 pelos irmãos Quina.

Mas tudo mudou no dia 30 de julho de 1996, um dia tempestuoso, com relâmpagos e trovões a pairarem sobre o Centro Olímpico de Savanah, a cerca de 370 km de Atlanta, local onde decorreram as provas de vela. Concluída a 11.ª regata na Classe 470 Hugo Rocha e Nuno Barreto regressam à marina de Savanah com a medalha de bronze ao peito. Na partida para esta derradeira regata, o treinador da dupla portuguesa, Luís Rocha, que como curiosidade era irmão de Hugo Rocha, antevia que a dupla de velejadores sabia aguentar a pressão e quem sabe dessa forma poderia conquistar uma medalha. Portugal que era naquela altura 3.º colocado na classificação geral, a um ponto da Grã-Bretanha, depois de ter andado em 2.º lugar no final da 4.ª regata.  Hugo Rocha e Nuno Barreto (nascido a 29 de abril de 1972) provaram em Atlanta que eram os legítimos descendentes de uma longa dinastia de sucesso na vela portuguesa. Na classificação final a Ucrânia ficou com o ouro, a Grã-Bretanha com a prata e Portugal com o bronze. Chegados ao nosso país, foram recebidos como heróis, sobretudo em Faro, cidade familiar para ambos, já que tinha sido ali, ao serviço do Ginásio de Faro, que tinham dado nas vistas na modalidade. Na capital do Algarve desfilaram de medalha de bronze ao peito pelas ruas debaixo de merecidos aplausos. Esta mesma dupla tentou um novo sucesso olímpico quatro anos depois, em Sidney, mas não iria além do 16.º lugar na Classe Tornado. Nesta mesma classe Nuno Barreto repetiu o 16.º lugar nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, desta feita na companhia de Diogo Cayolla.

Vídeo: Reportagem da RTP em Atlanta após a conquista da medalha de bronze em vela

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